Prefeitura quer creche em faculdade privada de Pedagogia
Parceria reduziria déficit de vagas, diz secretaria; ONGs intermediariam o convênio entre município e universidades

03 de fevereiro de 2014 | 2h 04

 

Paulo Saldaña – O Estado de S.Paulo

A Prefeitura de São Paulo quer firmar parcerias com faculdades particulares e
criar creches de aplicação para atender crianças da vizinhança. A ideia seria
uma forma de diminuir o déficit de vagas na capital.

O município não divulgou os dados sobre a demanda por educação infantil
registrada em dezembro, mas, em outubro, informação mais recente, estavam na
fila por creche 170 mil crianças de 0 a 3 anos. A rede mantinha 213,8 mil
matriculados.

A Secretaria Municipal de Educação já se reuniu algumas vezes com o Sindicato
das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior de São Paulo
(Semesp), que mapeou cerca de 90 cursos particulares de Pedagogia na cidade.
“Vamos analisar a localização e características das instituições, mas sabemos
que muitas estão em áreas onde há demanda”, disse ao Estado o
secretário, Cesar Callegari.

A Prefeitura só pode fazer convênios para creches com entidades sem fins
lucrativos. Como a maioria das faculdades não se encaixa nesse perfil, o plano é
que Organizações Não Governamentais (ONGs) que já realizam atendimento de
educação infantil possam compor uma triangulação entre o município e as
faculdades.

Além de questões legais, as instituições precisam aderir ao programa e
investir nas adequações. “Temos uma parte burocrática que não é simples”, diz o
presidente do Semesp, Hermes Figueiredo. “As instalações em geral não contemplam
esse tipo de atendimento, teria de haver um novo local separado, o que demanda
investimento e conscientização para convencimento das faculdades.”

Figueiredo ressalta que os próprios cursos de Pedagogia se beneficiariam de
terem unidades de educação infantil ligadas às faculdades. Gerente de programas
da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Ely Harasawa afirma que é essencial que
o atendimento seja feito por educadores já formados e que os alunos façam
estágio no local. “É uma alternativa muito interessante. Haveria profissionais
formados e alunos supervisionados pelos especialistas da academia”, diz.

Sem dinheiro. A gestão de Fernando Haddad (PT) alega que o
impedimento de reajustar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) “tirou”
R$ 249 milhões da educação. Segundo Callegari, os planos de obras (243 novas
creches) continuam “intocáveis”, mas a pasta tem procurado alternativas para
aumentar a oferta de vagas. Decisão judicial de 2013 determinou que a cidade
crie 150 mil novas vagas em educação infantil até 2016. “Não precisamos ser
empurrados pelo poder Judiciário para fazer o que já queremos.”

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,prefeitura-quer-creche-em-faculdade-privada-de-pedagogia,1126026,0.htm