65% dos brasileiros concordam com idade mínima para aposentadoria, diz CNI
Pesquisa mostra que população não aceita pagar mais tributos para manter regras atuais

SÃO PAULO – Os brasileiros não aceitam pagar mais tributos para manter as regras previdenciárias atuais, aponta a pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o Ibope Inteligência. Dos entrevistados, 75% preferem mudanças nas regras da aposentadoria para garantir a sustentabilidade do regime.

Entre as mudanças apoiadas pela população estão o estabelecimento de uma idade mínima para aposentadorias por tempo de contribuição (65%) e a equiparação das regras para todos os trabalhadores (72%).

A pesquisa mostra que está aumentando o apoio popular para que as aposentadorias aconteçam em idades cada vez mais avançadas. Em 2007, 31% dos entrevistados diziam que os trabalhadores deveriam se aposentar com mais de 55 anos. Na pesquisa atual esse percentual subiu para 48%.

A parcela dos que entendem que a aposentadoria deve ocorrer depois dos 60 anos subiu de 8%, em 2007, para 17%.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que, em 2016, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer é de 75,7 anos, quase seis anos a mais que no início dos anos 2000. Em 2060, deve subir para 81,2 anos.

De acordo com o TCU (Tribunal de Contas da União), somando o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) com a previdência dos servidores públicos civis e militares da União, o déficit previdenciário deve chegar a R$ 200 bilhões em 2016.

“A reforma da Previdência Social é necessária para dar sustentabilidade aos benefícios e reduzir a pressão sobre as contas públicas. O envelhecimento da população torna inviável a manutenção das regras atuais. O país precisa enfrentar esse problema para garantir a capacidade do governo de pagar as aposentadorias e pensões para os brasileiros no médio e longo prazos”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em nota.

Regras iguais

Para 60% dos entrevistados, não é justo que alguns grupos se aposentem seguindo regras diferenciadas, como idade menor ou menos anos de contribuição. Atualmente, professores e trabalhadores rurais se aposentam com menos tempo de contribuição. Também há diferença entre o período pago por homens e mulheres.

Dos entrevistados, 65% acham que deve haver isonomia do tempo de contribuição dos professores e 50% dizem que trabalhadores do campo devem se aposentar com o mesmo tempo dos funcionários de empresas urbanas. A diferenciação entre profissionais do mesmo sexo também deve ser extinta, na opinião de 62% dos entrevistados homens e de 63% das mulheres perguntadas.

O levantamento foi feito com 2.002 pessoas em 143 municípios entre 4 e 7 de dezembro de 2015.