Trabalho realizado pelo Instituto Biológico (IB-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), com produtores da região de Mogi das Cruzes, principal fornecedora de hortaliças para a capital paulista, possibilitou reduzir em 70% a aplicação de defensivos agrícolas na produção de tomate. Trabalho do Instituto Biológico com produtores de Mogi das Cruzes utilizou microtúneis ou coberturas flutuantes de tecido derivado de polipropileno, que impedem a entrada de insetos A pesquisa iniciou-se em 2014, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), quando aconteceu na região um surto de mosca-branca – praga que atinge diversos tipos de cultura. Foram notados danos indiretos provocados por fitovírus, principalmente transmitidos pela mosca-branca, que reduziram a produção e a qualidade final das safras, prejudicando os agricultores. Ariane Teixeira Lima Canellas, engenheira agrônoma e consultora de negócios do Escritório Regional Alto Tietê do Sebrae-SP, conta que, ao identificar a praga nas propriedades que atendia, buscou ajuda do pesquisador do Instituto Biológico, Fernando Javier Sanhueza Salas. “Sabemos que para a redução do custo de produção estão envolvidos outros pilares que não apenas gestão empresarial. Assim, as técnicas de produção são importantes. Por meio do manejo integrado de pragas e doenças, há uma grande probabilidade de redução de custos”, afirma Ariane. Economia – Salas visitou as propriedades e notou que os produtores aplicavam os defensivos a partir do calendário e não de acordo com a infestação das doenças. Outra saída para diminuir a ocorrência da mosca-branca foi instalar microtúneis ou coberturas flutuantes de agrotêxtil, tecido derivado de polipropileno e muito utilizado na produção de hortaliças na Espanha e na de melão para exportação em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Dessa forma, o defensivo é aplicado apenas uma vez no início do plantio e o tecido impede a entrada dos insetos. A aplicação dos defensivos de acordo com a infestação das doenças e o agrotêxtil permitiram a redução de 70% do uso de agrotóxicos no cultivo do tomate. Além da economia para os produtores, há menor impacto ambiental na região, muito próxima à nascente do Rio Tietê. Elvis Hiroshi Kishimoto foi um dos primeiros produtores a testar a técnica. “O agro têxtil ajudou a controlar os insetos. Consegui economia significativa com os inseticidas”, conta Kishi moto, o qual elogia o baixo custo do produto. “Em 2013, comprei uma estufa grande que foi destruída em um vendaval. Não consegui nem pagar”, compara. Bons resultados
Jonathan de Almeida Villela, estagiário do Instituto Biológico e bolsista do Con selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), acompanha os produtores para avaliar a eficiência das novas técnicas aplicadas: “O agrotêxtil é uma tecnologia antiga adaptada ao clima do Brasil. Acredito que teremos resultados muito positivos”.
Erimilson Antônio da Rosa, que cultiva sálvia, tomilho e orégano, aprovou. “A tendência é aumentar a produção. Eu acredito que vou conseguir economizar ao diminuir a pulverização”, afirma o produtor que mora no assentamento há 22 anos.
Regina Amábile
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
DOE, Seção I, p. 1