O Museu Afro Brasil, localizado no Parque Ibirapuera, na capital, recebe, a cada trimestre, 5,3 mil visitantes que descobrem e redescobrem a história brasileira e a influência que a comunidade negra tem na nossa cultura. A maioria desvenda, graças ao trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Educação
da instituição, os detalhes do seu acervo, composto por 6 mil obras.
Criado quando da inauguração da instituição, em 2004, o Educativo nasceu para promover cultura, redescobrir a história brasileira e formar multiplicadores
A coordenadora do núcleo, Neide Almeida, diz que “a espinha dorsal do setor são os educadores, especialistas em pesquisas ligadas à temática do museu. É o caso de Rafael Domingos, formado em história pela Unifesp. Seu trabalho de
conclusão de curso (TCC) abordou o tema criança escravizada no século 19. Com duas passagens pelo núcleo, em 2013 e no ano passado, o educador ressalta que o Museu Afro Brasil “é uma fonte inesgotável para pesquisadores”.
Hoje, a instituição tem dez educadores: cinco no período da manhã e cinco no período da tarde. Formados em história, artes visuais e ciências sociais, eles passam por um período de formação de um a dois meses. “Esse treinamento permite aos educadores intermediar e esclarecer as principais dúvidas dos visitantes,” salienta a coordenadora. Graduada e mestrada em história, Anita de Souza Larazim entrou para o Museu Afro Brasil há um mês e passa por treinamento para integrar a equipe do Núcleo de Educação. Programas especiais – O Núcleo de Educação reúne programas direcionados a diversos públicos: “Atendemos desde crianças de 5 anos até idosos. Realizamos também ações fora da sede do museu com jovens, professores e educadores que se tornam multiplicadores,” explica Neide.
Para pessoas com deficiência intelectual, transtornos mentais, comprometimentos neuromotores ou deficiência múltipla, existe o Programa de Acessibilidade Singular Plural, que recebe instituições públicas e particulares dedicadas à educação e à saúde com interesse em conhecer exposições permanentes e temporárias.
São produzidos ainda materiais de apoio para atender esse público. O museu é
dividido em seis espaços: Arte e Religiosidade; A Mão Afro-Brasileira e as Artes Visuais; Festas – O Sagrado e o Profano; Arte Africana; Biblioteca Carolina Maria de Jesus; e Teatro Ruth Cardoso. No espaço A Mão Afro-Brasileira e as Artes Visuais, por exemplo, estão expostos objetos táteis, RCodes e áudios explicativos. “Esses materiais dão liberdade ao visitante com deficiência para ele não precisar da ajuda dos educadores ou de outra pessoa”, diz Neide.
O Programa de Formação de Professores do museu é aberto a todos os educadores, mas é especialmente direcionado a professores e gestores da rede de ensino pública e particular. Tem como proposta contribuir para o aprofundamento de reflexões teóricas a respeito das temáticas abordadas pelo
acervo e pelas exposições temporárias promovidas pela instituição. A programação prevê também atividades que podem subsidiar a prática docente para a implementação da Lei federal nº 10.639/2003. Pela legislação, nas escolas de ensino fundamental e médio, tanto da rede particular quanto pública, é obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira.
Contadores – “Os Akpalôs, que em algumas regiões da Nigéria são conhecidos
como contadores de histórias, não apenas encantam as pessoas com as narrativas ficcionais, mas fazem a crônica do cotidiano, levam notícias, colocam grupos e povos em contato. Segundo Neide, inspirado por essa ideia, foi criado o Projeto Akpalô, iniciativa de formação de mediadores culturais dirigida a comunidades em situação de vulnerabilidade social. O projeto tem como público-alvo jovens mediadores culturais da região de Parelheiros, extremo sul da cidade de São Paulo. Vale dizer que outros mediadores se juntaram ao grupo, como os representantes do Cedeca Sapopemba e os professores e participantes do Polo de Leitura LiteraSampa.
Contação de história – A ação Aos Pés do Baobá oferece ao público a oportunidade de conhecer tempos e lugares diversos, experimentar sensações, sentimentos e desejos. Os encontros ocorrem, geralmente, no último sábado de cada mês. Nesse dia, em um dos espaços da instituição, o Núcleo de Educação recebe o público para um momento dedicado à contação ou leitura de histórias e ao diálogo. O congolês Wasawulua Daniel, um dos educadores, realiza oficinas para fazer atabaques com diversos materiais, como canos de PVC, por exemplo. No final da aula, os alunos são convidados a integrar a roda de
música, canto e dança.
Além da sede – Em 2006, o Museu Afro Brasil iniciou parceria com a então
Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem). Em 2010, passou a atender jovens, técnicos e professores da atual Fundação Casa. “Os adolescentes em regime de semiliberdade são autorizados a sair das unidades para visitar o museu. Para aqueles que estão privados de liberdade, oferecemos palestras,
cursos e oficinas no local. Dessa maneira, podemos estar presentes em vá rios lugares”, finaliza Neide.
Maria Lúcia Zanelli
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
SERVIÇO
Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral, Portão 10, s/nº
Parque Ibirapuera – São Paulo – SP
Aberto de terça-feira a domingo, das 9
às 17 horas
Inscrições no site
www.museuafro.org.br/educacao
Mais informações pelo
telefone (11) 3320-8900
DOE – Seção I, p. III