Assembleia aprova projeto com medidas de combate ao coronavírus no Estado de São Paulo
Executivo poderá adotar providências que julgar necessárias, mas precisará prestar contas ao Legislativo

Em sessão extraordinária em ambiente virtual realizada nesta terça-feira (16/6), o Plenário da Assembleia Legislativa aprovou o substitutivo ao Projeto de Lei 350/2020, construído de forma conjunta entre os parlamentares, que estabelece medidas emergenciais para auxiliar o Estado no combate ao coronavírus e suas consequências. Na votação, 64 parlamentares foram favoráveis ao projeto e 17 contrários.

Contrária ao artigo 33 do projeto, que prevê a aplicação de multas para quem divulgar informação que sabe ser falsa sobre a Covid-19, a deputada
Janaina Paschoal (PSL) solicitou um destaque para que o artigo passasse por votação em separado. Segundo a deputada, seria preciso definir o que é fake news e não adotar uma medida passível de interpretações divergentes. A manutenção do artigo no texto original acabou aprovada por 53 votos favoráveis e 25 contrários.

O deputado Vinícius Camarinha (PSB), que coordenou os trabalhos de harmonização das emendas propostas ao projeto, salientou o empenho da Casa para que a iniciativa se concretizasse apesar das dificuldades.
“Essa elaboração se deu devido a união que nós tivemos em torno de um conceito de coletividade, de pensarmos no todo, e eu me sinto feliz, porque tivemos a grandeza de construirmos um projeto com essas características”, afirmou.

Durante a sessão, o deputado Paulo Fiorilo (PT) reconheceu a dificuldade e o esforço dos parlamentares para a consolidação de um projeto capaz de atender demandas ocasionadas pela pandemia, mas, para ele, alguns pontos poderiam ter avançado, dentre eles “era preciso que a Assembleia tivesse a coragem de propor a criação de frentes de trabalho”, pontuou.

Para o presidente da Alesp, deputado Cauê Macris, a aprovação do projeto é mais uma contribuição do Poder Legislativo no combate a Covid-19. “É um
projeto de toda a Casa”.

O projeto

O texto aprovado contém dispositivos relacionados à promoção de saúde para a população, incentivos fiscais, auxílios emergenciais,
redução da violência e de despesas dos órgãos públicos, transparência e relações de consumo para coibir abusos dos fornecedores de itens e serviços essenciais relacionados à pandemia e combate às fake news.

Para manter o isolamento social e otimizar o processo das consultas médicas, o projeto autoriza o exercício da telemedicina na rede pública estadual e o atendimento remoto em farmácias e drogarias. A requisição de
leitos em hospitais particulares pelo Executivo também será permitida, se necessário.

Os profissionais de saúde que lidam com a Covid-19 poderão se hospedar em hotéis ou alojamentos visando a proteção dos familiares, assim como pessoas em situação de rua e profissionais estaduais de assistência
social que atuam em meio aos riscos da doença. A mesma opção é oferecida para vítimas de violência doméstica que, neste caso, vão ter como alternativa o recebimento de um auxílio no valor de, no mínimo, R$ 300
mensais não cumulativo com outros benefícios relacionados à pandemia de Covid-19.

Serviços essenciais e outros Na construção do projeto, os parlamentares paulistas adotaram medidas para auxiliar o setor cultural e produtores
locais. De acordo com a proposição, o Estado deverá priorizar fornecedores de equipamentos e materiais clínicos e hospitalares estaduais, nacionais e, como última opção, internacionais, caso a escolha não resulte em prejuízo para os recursos públicos.

Com a aprovação da matéria, o Governo do Estado também está autorizado a criar maneiras de viabilizar a entrega de refeições gratuitas para pessoas em situação de rua nas unidades do Restaurante Popular e adotar providências para que não haja suspensão, por inadimplência, do fornecimento de energia, gás, água e tratamento de esgoto, uma vez que
são serviços essenciais em meio a uma crise sanitária.

A proposta suspende, enquanto perdurar o estado de calamidade pública, os prazos de validade de concursos públicos já homologados e permite que
instituições de ensino e alunos de rede privada com problemas em relação ao pagamento das mensalidades e consequentemente com a rematrícula tenham o auxílio da Fundação Procon-SP para um possível acordo. As medidas são uma forma de não prejudicar a população paulista neste momento e,
com o mesmo objetivo, agricultores familiares, pequenos produtores,
pescadores artesanais, indígenas e quilombolas poderão receber linhas de crédito e microcrédito Um pedido recorrente entre deputadas e deputados foi a transparência de dados. Para isso, pontos do projeto estabelecem
a necessidade da publicação diária de informações sobre casos confirmados, óbitos, número de leitos disponíveis e de pacientes internados. O item permite que o Executivo redistribua recursos necessários para o cumprimento das medidas previstas, porém todos os valores, incluindo montantes recebidos, doados e repassados, deverão ser detalhados nos sites oficiais do Estado.

O projeto segue para a apreciação e sanção do governador João Doria.

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