Proposta de reforma integrará anteprojeto que ainda precisará passar por aprovação no Congresso Nacional
JÚLIA BORBAA comissão de juristas que estuda mudanças no Código Penal aprovou ontem proposta de criminalização do uso de celulares por presidiários.
Hoje, a lei brasileira só prevê punição para quem facilita a entrada de aparelho telefônico ou rádio, sem autorização legal, nas cadeias.
O responsável por fazer o aparelho chegar ao detento pode pegar de três meses a um ano de prisão. Já um detento que portar ou usar um aparelho celular responde apenas administrativamente.
Pela Lei de Execuções Penais, o fato é considerado uma “falta grave” e impede a progressão de pena ou a saída temporária. Com a nova proposta, o porte continua merecendo apenas a advertência, mas o uso passa a ser criminalizado, seja detectado por flagrante ou escuta. A pena desse preso pode ser aumentada em até um ano.
“Queremos corrigir uma falha técnica. Hoje é crime conduzir o aparelho para o presídio, mas não é crime usar, não faz sentido. O uso nos preocupa, porque pode servir para praticar crimes diversos”, afirmou o relator da comissão de juristas, Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.
DESACATO
Ontem a comissão também propôs a extinção do crime por desacato à autoridade, que hoje prevê pena de seis meses a dois anos de prisão.
Caso a lei mude, o cidadão que desrespeitar um servidor público, durante o desempenho de sua função, deverá responder pelo crime de injúria (que já existe no Código), mas com punição dobrada.
Atualmente, o crime de injúria prevê detenção de seis meses a um ano para quem insultar ou ofender outra pessoa. Mas, se for contra uma autoridade, a pena passará a variar entre um e dois anos.
A punição será ainda maior caso o acusado chegue a agredir o servidor público fisicamente -de um a três anos.
A pedido de Gilson Dipp, presidente da comissão e ministro do Superior Tribunal de Justiça, o prazo para entrega do anteprojeto de reforma do Código Penal deve ser aumentado em um mês.
O texto final será entregue até 25 de junho deste ano.