Proposta, que prevê detenção de 3 meses a 1 ano, além de multa, segue agora para ser analisada no Senado
DE BRASÍLIAA Câmara aprovou ontem projeto de lei que torna crime exigir cheque caução, nota promissória ou qualquer outra garantia para atendimento médico-hospitalar de emergência. A proposta estabelece detenção de três meses a um ano, além de multa.
Também proíbe a cobrança do preenchimento de formulários administrativos antes do socorro. As medidas valem para hospitais públicos e privados. O texto, que altera o Código Penal, vai para o Senado.
Pela proposta, a pena poderá dobrar se a recusa do atendimento resultar em lesão corporal grave e triplicar se levar à morte. Os hospitais também terão de exibir cartazes informando que é crime exigir garantias para prestar serviços de emergência.
Atualmente, a cobrança do cheque caução já pode ser questionada com base no crime de omissão de socorro, mas a nova redação dará mais segurança aos pacientes, além de prever punições mais duras a hospitais que insistirem nas garantias.
O projeto foi encaminhado ao Congresso pelo Executivo após a morte de Duvanier Ferreira, secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, que sofreu um infarto. Ele procurou dois hospitais particulares de Brasília, mas não portava talão de cheque nem a carteira do plano de saúde e, diz a família, teve atendimento negado.
A presidente Dilma Rousseff determinou que o governo tratasse de evitar vítimas por omissão. Se aprovado, a legislação deve ser denominada “Lei Duvanier”.
Para o ministro Alexandre Padilha (Saúde), a expectativa é que a proposta coíba a cobrança antecipada por um atendimento não prestado, muitas vezes envolvendo a vida do paciente.
O próximo passo, segundo ele, será enviar ao Congresso ainda neste semestre outra proposta nessa mesma linha para regular os serviços privados de emergência.
A ideia é especificar como deve ser o atendimento: quais serviços devem ser oferecidos, quantos e quais profissionais devem estar de plantão para cada grupo de leitos.
“Hoje há um vazio legal sobre quem regula a organização do atendimento dos serviços de urgência e emergência no país. O próximo passo é garantir que a ANS, que já regula os planos, possa também regular os hospitais”, explica o ministro.
(MÁRCIO FALCÃO e JOHANNA NUBLAT)
Fonte: Folha de S.Paulo/Cotidiano