Petrobras reajusta a gasolina em 7,83%
Com renúncia a tributo, aumento não deve ter impacto em preço final para consumidor, espera o governo Dilma

Alta do litro de diesel será de 3,94%; reajuste exclusivamente nas refinarias vale a partir de segunda-feira

DE SÃO PAULO
DO RIO
DE BRASÍLIA

A Petrobras obteve aval do governo para reajustar os combustíveis a partir da próxima segunda-feira.


O aumento será somente nas refinarias.


O governo federal promete que o preço não subirá para o consumidor: o Planalto vai neutralizar o impacto dos reajustes zerando as alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).


Atualmente, sobre cada litro de gasolina vendida é pago R$ 0,0910 referente à Cide. No caso do óleo diesel, esse valor é de R$ 0,047 para cada litro.


“Dessa forma, os preços, com impostos, cobrados das distribuidoras e pagos pelos consumidores não terão aumento”, informou a Fazenda.


A preço da gasolina subirá 7,83% na refinarias. O preço do diesel subirá 3,94%, também nas unidades de refino da estatal.


Na semana passada, a Petrobras divulgou um plano de negócios com investimentos de US$ 236,5 bilhões para o período 2012-2016, no qual já contava com reajuste nos preços dos combustíveis.


Diante das oscilações das cotações internacionais do petróleo e dos derivados no mercado externo, os preços dos combustíveis no país estavam defasados e a direção da estatal argumentava que era necessário um reajuste a fim de manter seu cronograma de investimentos.


O ministro Edison Lobão chegou a descartar aumentos de combustível em entrevistas na semana passada.


Segundo a Folha apurou, a Petrobras defendia um aumento maior, o que não foi autorizado pelo governo.


De acordo com os cálculos da equipe econômica, reajustes superiores a esse patamar teriam impacto inflacionário, mesmo com a redução da Cide, já que haveria risco de repasses aos consumidores.


REPERCURSSÃO 


Ao zerar a Cide, o governo não só abre mão de arrecadação fiscal, mas evita o aumento do preço dos combustíveis fósseis num momento em que o mundo tende a desestimular o consumo dessa fonte energética.


Executivos do setor disseram à Folha que tal decisão é uma contradição num momento em que outros países buscam alternativas como o etanol de segunda geração e o hidrogênio.


A opção brasileira é por não contaminar a inflação nem desagradar o consumidor em ano eleitoral, dizem executivos que preferem não se identificar.


O Sindicom, sindicato das distribuidoras, confirmou que os preços ao consumidor da gasolina e do diesel devem ficar inalterados.


“O preço da Petrobras vai incorporar o que o governo arrecadava com a Cide, que está ‘zerada’ pela primeira vez na história”, afirma Alízio Vaz, presidente da entidade.


Fonte: Folha de S.Paulo/Mercado