DE SÃO PAULO
O filósofo francês Roger-Pol Droit é um contumaz escritor de obras que destrincham o universo filosófico para o público leigo.
Autor de 31 livros, traduzidos em 27 línguas, Droit enfrenta a tecnicidade de signos e conceitos filosóficos -muitas vezes obscuros ao leitor comum- para divulgar a disciplina além dos guetos de especialistas e acadêmicos.
Pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (Centro Nacional de Pesquisa Científica) e também colunista do jornal “Le Monde”, Droit diz que a ininteligibilidade, na filosofia, é mera questão de vocabulário.
“É preciso distinguir um pequeno número de termos técnicos, realmente necessários para expressar ideias muito específicas, das questões principais da filosofia, que são absolutamente possíveis de serem abordadas com a linguagem cotidiana.”
“Sócrates não questionava sobre a ‘titulação acadêmica’ antes de debater com as pessoas na rua”, sentencia.
No Brasil, o autor já publicou suas obras por diferentes editoras. Neste ano, lançou “Um Passeio pela Antiguidade: Na Companhia de Sócrates, Epicuro, Sêneca e Outros Pensadores” (Difel) e “Filosofia em Cinco Lições” (Nova Fronteira) -veja acima.
Droit diz acreditar que sua experiência de décadas trabalhando com filosofia o ajude na escrita de livros didáticos e compreensíveis. “Acho que quanto mais você sabe, de maneira mais simples você é capaz de escrever”, diz.
“Eu falo tanto a linguagem filosófica, como acadêmico, quanto a linguagem do dia a dia. O desafio é traduzir a primeira forma para a segunda. Tento nunca esquecer como as pessoas ‘comuns’ falam, e que filósofos não são ETs com pensamentos impossíveis de serem entendidos”, afirma.
Para Droit, suas obras podem levar leitores aos textos originais dos grandes filósofos. “Tudo depende do primeiro encontro”, brinca. (MA)
Fonte: Folha de SPaulo