Mercado reduz para 1,73% a previsão de crescimento do PIB; confiança de empresários reage
MARIANA SCHREIBERO esfriamento da economia colaborou para a segunda queda consecutiva da arrecadação federal. A receita obtida com tributos pelo governo sofreu uma queda real (ou seja, descontada a inflação) de 7,36% em relação a julho de 2011, a maior retração desde novembro de 2010.
A principal causa foi que a base de comparação -julho de 2011- estava inflada pelo recolhimento atípico de R$ 6,1 bilhões, em valores atualizados pela inflação, com impostos atrasados que a mineradora Vale teve que pagar após decisão judicial.
No entanto, mesmo descontando esse efeito, a arrecadação de julho, de R$ 87,947 bilhões, foi 1% menor que a do mesmo mês de 2011.
No acumulado do ano, a arrecadação cresceu 1,89%, mas está desacelerando. A Receita mantém a previsão de crescer 4%, mas pode rever o dado em setembro.
Economistas também acreditam que a economia vai se recuperar no segundo semestre, mas gradualmente.
A divulgação, ontem, pela FGV de que a confiança dos empresários da indústria subiu em agosto, mas se manteve abaixo do padrão, reforçou essa previsão.
Apesar disso, a expectativa para o crescimento do PIB deste ano foi novamente reduzida, pois os dados ruins do primeiro semestre ainda estão sendo incorporados às previsões. Segundo levantamento semanal do BC divulgado ontem, a projeção do mercado caiu de uma expansão de 1,75% para 1,73%.
Refletindo o PIB fraco, o mercado manteve a previsão de novo corte de 0,5 ponto da taxa de juros amanhã pelo Comitê de Política Monetária (Copom), para 7,5%.
“Tivemos um crescimento da produção industrial de somente 0,2% em junho, e alguns indicadores preliminares mostram que julho também não deve ser bom”, afirma Flavio Serrano, do Banco Espírito Santo.
A perda de lucratividade das empresas, segundo a secretária-adjunta da Receita Federal, Zayda Manatta, foi um dos motivos da baixa da arrecadação, por causa do impacto no Imposto de Renda e na Contribuição Social sobre Lucro Líquido.
Outra causa foram as desonerações promovidas pelo governo. Somadas, as reduções dos impostos sobre automóveis, crédito e combustíveis provocaram renúncia fiscal de R$ 1,3 bilhão.
Conforme a Folha noticiou na semana passada, o sistema eletrônico de acompanhamento da execução do Orçamento apontava receitas extraordinárias de mais de R$ 15 bilhões em julho.
Esses valores não foram incluídos nos números divulgados ontem pois se referiam a recolhimentos já contabilizados pela Receita na arrecadação de meses anteriores.
Fonte: Folha de S.Paulo/Mercado