A polêmica biblioteca jurídica da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (USP) – instalada em um prédio na Rua Senador Feijó,
ao lado do Largo de São Francisco, no centro – acaba de ganhar um projeto
arquitetônico. Escolhido após concurso do Instituto de Arquitetos do Brasil
(IAB), o plano prevê espaço para exposições, auditório e sala multimídia, além
de vários andares para o acervo e áreas para leitura.
O concurso foi bancado por doações, a maioria de ex-alunos, que chegaram a R$
174 mil. Ainda não há previsão de início de obras e custos.
O prédio de 13 andares na Senador Feijó foi o centro de uma polêmica iniciada
em 2010, quando parte dos livros da biblioteca da faculdade foi transferida para
lá. Na época, estudantes reclamaram que o imóvel era precário, sem estrutura
para abrigar o acervo. O caso foi parar na Justiça e deflagrou uma relação
turbulenta entre a faculdade e seu ex-diretor, o atual reitor João Grandino
Rodas. A transferência dos livros foi um dos últimos atos de Rodas no Largo de
São Francisco.
Esse histórico contribuiu para que a escolha de um projeto de requalificação
do imóvel fosse realizado por meio de um concurso de arquitetura. “A decisão foi
por um processo transparente, então nada melhor que optar pelo concurso”,
explica o professor Virgílio Afonso da Silva, presidente da Comissão de
Bibliotecas da faculdade.
O projeto de sete jovens arquitetos de Porto Alegre foi escolhido entre 96
concorrentes. O júri era composto por cinco renomados arquitetos – entre eles
Eduardo de Almeida, responsável pela biblioteca Mindlin, na USP, e Renata Semin,
que participou da modernização da biblioteca Mario de Andrade, no centro.
‘Folhas’. São previstas transformações internas e externas.
A fachada ganhará uma estrutura de chapas de aço, que lembra “folhas de um
livro”, como explica a arquiteta gaúcha Camila da Rocha Thiesen, de 24 anos.
“Nossa proposta foi por uma intervenção bem pé no chão, aproveitando vários
fatores do prédio, sugerindo melhorias de espaços e valorização da relação do
prédio com a cidade”, diz. “A fachada faz com que as pessoas percebam que a
cidade teve uma transformação.”
Segundo o presidente do departamento paulista do IAB, José Armenio de Brito
Cruz, os jurados ressaltaram que o projeto, além de ser factível, valoriza o
conforto dos usuários e os espaços de leitura. “A aplicação de vultosos recursos
deve ter critérios. E o que dá critérios é o bom projeto de arquitetura.”
Para executar a obra, a comissão de bibliotecas da unidade vai abrir um
diálogo para ver os recursos disponíveis da universidade. A captação de recursos
privados não é descartada.