São Paulo tem obras contratadas no valor de R$ 36 bilhões
para expandir a malha metroferroviária, criar corredores de ônibus e construir
a primeira linha do Veículo Leve sobre os Trilhos (VLT). O valor inclui os R$
9,6 bilhões da Linha 6-Laranja que será construída pelo Consórcio Move São
Paulo, vencedor da concorrência internacional. O Metrô tocará obras em sete linhas
simultaneamente para chegar a 155 quilômetros de trilhos em 2017 e transportar 6,8
milhões de passageiros.
Somados aos da Linha 18-Bronze (Tamanduateí a Alvarenga, no
ABC), cujo edital será publicado até o dia 14 deste mês, e a extensão da Linha 2-Verde
(Vila Prudente a Guarulhos), os recursos chegarão a R$ 45 bilhões. Os projetos
de trens rápidos, ligação entre grandes centros urbanos, continuam em
tratativas. Os empreendimentos do Governo paulista na melhoria da mobilidade
urbana foram divulgados na abertura da Rail Brazil Tech Business Summit, série de
palestras que ocorre em paralelo à 16ª. Edição da Feira Negócios nos Trilhos
(NT Expo). Promovida pela UBM Brazil, a NT Expo exibe as novidades tecnológicas
trazidas pelos 210 expositores vindos de 21 países, deve receber 10 mil
visitantes.
Pneus e trilhos – “Trouxemos o que há de melhor no setor
metroferroviário nacional e internacional”, destaca Renan Joel, gerente da NT
Expo. Para o diretor executivo da Revista Ferroviária, Gerson Toller, “o
mercado ferroviário está em expansão e continuará a crescer”. Por conta disso,
o Brasil “chama a atenção do mundo” pelos planos de mobilidade urbana, assegura
o presidente executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários
(ANTF), Rodrigo Vilaça. “Num país continental como o nosso, precisamos de
ferrovias para transportar passageiros e cargas”, enfatiza.
Representante da International Union of Railways na América
Latina, Guilherme Quintella, destaca que as ferrovias serão o transporte
terrestre do século 21 e isso pode ser observado pelos vultosos investimentos que
países europeus e asiáticos têm feito no sistema. “O setor ferroviário
investirá US$ 1 bilhão por dia nos próximos 20 anos. Temos entusiasmo tremendo
pelos projetos brasileiros, mas eles precisam ser bem preparados e executados”.
Presidente da Associação Nacional de Transportes Público
(ANTP), Ailton Pires, lamenta a perda de parte da malha ferroviária. Nos 500 km
de trilhos de bonde e de trens de São Paulo, o passageiro fazia suas viagens
num tempo médio de 10 minutos; hoje está em 67 minutos e chegará a 100 minutos
se o sistema viário urbano continuar assim, garante. “Pagamos caro demais pelo
fato de os deslocamentos urbanos serem feitos em quatro rodas. Precisamos
retomar o caminho das ferrovias”.
Chegando a 288 km de trilhos – Frente à crescente demanda de
passageiros, o presidente do Metrô de São Paulo, Luiz Antonio Pacheco, enumera
os empreendimentos em andamento, e traça cenários para 2021 e 2030. Lembra que
a malha ferroviária atual e as 67 estações foram construídas ao longo de 45
anos. De 2008 a 2013, os trilhos passaram de 61 km para 74,2 km, o que
representa aumento de 20%. No mesmo período, o número de passageiro cresceu
40%.
Por dia, o Metrô transporta 4,5 milhões de pessoas. Só na
linha 3-vermelha, são 1,6 milhões que passam pelas catracas diariamente. “Essa
é a principal razão da superlotação”, frisa o presidente. Se considerar, os
passageiros transportados pela Linha 4-amarela, gerida pela ViaQuatro, e os trens
da CPTM são 8,5 milhões de passageiros. “Ampliar a rede e aumentar a oferta de assentos
são os grandes desafios para dar conta dessa demanda”.
Estão em construção 61,2 km de trilhos divididos em quatro
linhas: na extensão das Linhas 4-Amarela e da 5-Lilás (subterrâneas) serão
investidos R$ 7 bilhões; na construção das Linhas 15-Prata e 17-Ouro (sistema de
monotrilho), R$ 8 bilhões. A linha 4 será prolongada do Butantã até Vila Sônia e
serão erguidas três novas estações no trecho em operação (Butantã e República).
A construção de trecho da Linha 5, de Adolfo Pinheiro até a Chácara Klabin,
inclui nove estações. A Linha 15 ligará Vila Prudente a Cidade Tiradentes; a
Linha 17-Ouro sairá do Jabaquara e chegará a Francisco Morato.
Para 2014, Pacheco prevê tocar sete obras simultaneamente
com a inclusão das Linhas 6-Laranja, 18-Bronze e Extensão da Linha 2-Verde até
Guarulhos. Esse prolongamento tem projeto básico aprovado e a previsão é
iniciar obras em maio. Em 2017, a expectativa é transportar 6,8 milhões de passageiros
por dia nos 135,4 km de trilhos distribuídos em 119 estações.
Em 2021, serão mais 66 km de vias para transporte estimado
de 10,2 milhões de passageiros, totalizando 201 km de trilhos. A nova extensão
da malha se refere à construção da Linha 20-Rosa (Lapa-Moema) e os
prolongamentos da Linha 4-Amarela (até Taboão da Serra) e da 5-Lilás (até Jardim
Ângela). Pelo cenário projetado para 2030, o Metrô construirá mais 86 km e
chegará a 288 km de vias, o equivalente a cinco vezes a extensão da rede atual.
Linha 6-Laranja
O Consórcio Move São Paulo (formado pelas empresas
Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC Participações e Eco Realty Fundo de
Investimentos), venceu a licitação internacional da Linha 6-Laranja. O anúncio
foi feito ontem na sede da Secretaria dos Transportes Metropolitanos com
divulgação da nova linha que se estenderá por 15,9 quilômetros. Com 15 estações,
ligará Vila Brasilândia (zona norte) e São Joaquim (centro central). Tem
investimento estimado em R$ 9,6 bilhões (inclui desapropriações) e a previsão é
começar as obras em abril de 2014.
Ano Extensão
2008 61 km
2013 74,2 km
2017 135,4 km
2021 201 km
2030 288 km
Claudeci Martins
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
DOE, Página de Notícias I, 07/11/2013