Outro texto, em trâmite no Senado, quer pena de 4 a 12 anos para quem participar de ato coletivo de destruição
DE BRASÍLIA
O projeto de lei que o governo federal prepara para coibir abusos em manifestações vai proibir que a polícia impeça o registro de imagens feito por qualquer pessoa.
Além de vedar a apreensão de câmeras, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou ontem que o governo deverá exigir aviso prévio dos protestos e que manifestantes não cubram o rosto.
Após reunião com entidades ligadas à imprensa, o governo decidiu assegurar o livre registro de imagens nos protestos. A medida é considerada importante “para comprovação de situações abusivas, seja de policiais ou de manifestantes”.
Também está em discussão dar prioridade a crimes contra profissionais de imprensa e a federalização de investigações de atos contra repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, pleito apresentado pelas entidades de comunicação.
Ainda falta definir a punição para quem desrespeitar as novas regras. “O uso de máscaras ou de quaisquer artefatos que vedem a identificação, por exemplo, é inconstitucional. Agora, quais as consequências disso, ainda é uma discussão”, disse Cardozo.
A ideia inicial é exigir que o policial faça uma advertência e, em caso de resistência, detenha quem insiste em manter o rosto coberto.
Depois de aprovado pela presidente Dilma Rousseff, o texto será votado no Congresso, mas não há garantia de aprovação antes da Copa.
Para esvaziar a proposta do governo, o Senado quer aprovar até março um texto que impõe penas de 4 a 12 anos de prisão para quem promover ou participar de atos coletivos de destruição.
O relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), promete incluir o aviso prévio de atos, além da proibição de máscaras. (FERNANDA ODILLA E GABRIELA GUERREIRO)
Folha de S. Paulo