Como forma de sensibilizar e conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do HIV e sífilis, a Secretaria de Estado da Saúde, em parceria com 577 municípios paulistas, promove a campanha Fique sabendo, que oferece gratuitamente exames de detecção dessas doenças. A ação começou no dia 25 e será encerrada terça-feira (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids.
“Nossa expectativa é oferecer 200 mil exames rápidos de HIV, 150 mil de sífilis e 87 mil testes de fluído oral para HIV. Das 577 cidades participantes, 267 promovem testes em praças, escolas e trailers”, informa Eduardo Luiz Barbosa, diretor do Ambulatório de HIV/Aids e Especialidades do Centro de Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis (CRT-DST/Aids), na Vila Mariana, zona sul da capital.
Ao realizar o teste de fluido oral para HIV (com amostras da saliva), a pessoa não deve ter fumado, escovado os dentes nem ter ingerido alimentos ou bebida (qualquer líquido) 30 minutos antes do procedimento. O resultado fica pronto entre 15 e 20 minutos depois. Outra opção é o teste rápido de HIV. Uma picada de agulha no dedo permite recolher o sangue, que é também analisado para a bactéria da sífilis. O laudo sai em 30 minutos.
Atenção – Balanço parcial do CRT (do movimento entre os dias 25 e 27) registrou, 368 testes de HIV e sífilis. Desses, até o dia 26, foram confirmados 12 casos de HIV e 16 de sífilis. As pessoas com HIV foram encaminhadas a serviços de atenção especializada da prefeitura e os cidadãos com sífilis receberão assistência no próprio CRT-DST/Aids.
Neste sábado (28), 170 cidades oferecerão o teste rápido de detecção de HIV. No CRT-DST/Aids, a ação ocorre das 9 às 15 horas (ver serviço). Barbosa enfatiza que a campanha é importante porque muitas pessoas desconhecem a própria condição de saúde. “Quando descobrem a doença tardiamente, apresentam complicações como tuberculose e hepatites”, afirma. “Aids não tem rosto e todos devem se cuidar”, ressalta. Ele frisa que a testagem de HIV e doenças sexualmente transmissíveis está disponível o ano todo na rede pública de saúde (ver serviço).
Boa notícia – “Apesar da divulgação das formas de infecção e da importância do uso de preservativo, a prevenção acaba sendo negligenciada”, avalia o diretor. Cerca de 39 mil casos de aids são diagnosticados por ano no Brasil. Estimativas do Ministério da Saúde (MS) indicam ainda que em 2014 aproximadamente 718 mil pessoas viviam com HIV. Dessas, 150 mil desconheciam sua situação. No Estado de São Paulo, morrem oito pessoas vitimadas pela doença por dia, conforme registros do Programa Estadual DST/Aids.
A boa notícia é que, desde o ano passado, o paciente diagnosticado com o vírus (carga viral baixa ou indetectável e imunidade estável) inicia o tratamento medicamentoso pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Antes, a assistência era oferecida somente a pessoas com aids e suas complicações (tuberculose, pneumonia e outros problemas de saúde). O MS esclarece que a medida amplia a qualidade de vida do paciente e reduz a possibilidade de transmissão do vírus.
Nesta sexta-feira (27), dezenas de cidadãos compareceram ao CRT para participar da campanha. Funcionários distribuíram fôlderes e preservativos para quem circulava nas imediações do Centro de Referência.
Imprescindível – O empresário Alessandro Fernandes, 33 anos, morador da Barra Funda, zona oeste, faz o teste de HIV a cada seis meses: “Acho essa campanha importante, mas deveria ser mais divulgada para melhorar a prevenção. Não se deve ter medo nem vergonha de fazer o teste, pois quanto mais tarde for descoberta a doença, pior será o tratamento”.
“Sou casada, não uso preservativo e há dois anos faço o teste de HIV anualmente, pois a confiança no meu marido é um ponto de interrogação”, afirma Roberta(*), 43 anos, moradora da zona sul. Ela pede ao companheiro para fazer o exame, mas diz não ter certeza se ele faz. “Na sua opinião, a campanha é imprescindível e deve ser difundida entre os jovens, “pois eles iniciam a vida sexual mais cedo e não costumam usar preservativo.” Roberta afirma orientar seu filho de 13 anos sobre o assunto, que “sempre leva camisinha com ele”.
A sífilis (doença transmitida por relação sexual desprotegida) é a “porta de entrada para o HIV”, explica Rosemeire Munhoz, diretora do Ambulatório de DST e Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA) do CRT. Por isso, o teste para sua detecção está incluído na campanha Fique sabendo. Desconforto ou mancha no corpo e nas áreas peniana ou vaginal podem ser sinais da doença e devem ser investigados no serviço público de saúde.
DOE, Executivo II, 28/11/2015, p. I