Dificuldade de empresa de dar informação financeira detalhada impede aumento maior, diz executivo da agência
FILIPE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pequenas e médias empresas do Estado de São Paulo têm utilizado mais financiamentos da Agência de Fomento Paulista, a Desenvolve SP.
A quantidade de recursos emprestados mais que dobrou em 2012 em comparação aos nove primeiros meses do ano passado.
Entre janeiro e setembro de 2011, haviam sido desembolsados R$ 149,6 milhões. Neste ano, a quantia está em R$ 323,7 milhões.
Além disso, o total de desembolsos da antiga Nossa Caixa Desenvolvimento (que mudou de nome em julho de 2012) alcançou R$ 810 milhões no mês passado. Já o número de empresas atendidas no período passou de 203 para 250, em um total de 193 municípios.
O setor industrial ainda é responsável pela maior parte dos financiamentos, porém a participação vem decrescendo. Em 2011, eram 63%, e agora são 55%.
A fatia da prestação de serviço subiu de 16% para 21%.
Desses, os que mais pediram empréstimos foram hotelaria, call center e empresas do ramo hospitalar.
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Segundo avaliação do presidente da Desenvolve SP, Milton Luíz de Melo Santos, o crescimento do valor desembolsado está relacionado com o maior conhecimento da agência pelo público.
Para isso, a Desenvolve SP investe em anúncios em rádio e TV. Santos também destaca convênios firmados com mais de 60 entidades de classe, que auxiliam o empresário com interesse no crédito.
“É uma forma de compensarmos a falta de agências.”
Sobre a conjuntura do mercado para os investimentos, Santos diz que a menor participação das indústrias se deve a uma dificuldade que elas têm para competir com produtos importados, especialmente da China.
Já o setor de serviços, para ele, tem crescido devido ao aumento de renda.
O que impede o empréstimo de ainda mais recursos, diz Santos, é a dificuldade de alguns empresários de dar informações detalhadas de balanço e planejamento.
“Não posso ir só na ideia. Muitas vezes a pessoa tem um projeto, mas esquece que só posso dar financiamento se tiver dados que mostrem que a empresa é confiável.”
CRESCER JUNTO
A Metaxa, que trabalha com aluguel de equipamentos para obras, utilizou um empréstimo de cinco anos em 2009 para a compra de máquinas.
Reginaldo Santos, 55, diz que, como seu negócio é diferente do convencional, teve um tratamento especial do banco. “Vieram até aqui para entender o negócio.”
Também é possível utilizar financiamentos para abrir uma franquia. Entre os primeiros a consegui-lo estão os sócios Marcel Moreira, 26, e Evanidio Oliveira, 45.
Um financiamento de R$ 200 mil com juros de 6% ao ano ajudou na compra do estoque e na reforma da loja de utensílios domésticos Casa&Coisa, que abriram em um shopping paulistano.
Moreira diz que houve demora para conseguir o financiamento (entre seis e sete meses). Atribui isso ao fato de a franquia ser nova, o que exigiu mais garantias, e à dificuldade que teve para entregar os documentos certos.
Eliane Morais, 45, sócia da Ativa Alimentação Empresarial, diz que, após investimento feito neste ano para a compra de equipamentos, como fornos para alimentação industrial, houve um aumento de 30% no faturamento.
“Como o prazo é longo e as taxas são baixas, os riscos são mínimos.”
Fonte: Folha de S.Paulo/Mercado