SP reclama ainda da tarifa e de contratos de venda de energia que a Cesp terá de cumprir após o fim da concessão
JÚLIA BORBA DE BRASÍLIA AGNALDO BRITO DE SÃO PAULOA Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) confirmou ontem que foi identificado erro no cálculo de indenização da hidrelétrica Três Irmãos, pertencente à Cesp (Companhia Energética de São Paulo). O valor havia sido definido em R$ 985,6 milhões pelo governo federal.
O presidente da companhia, Mauro Arce, disse que a revisão da indenização de Três Irmãos não é o único problema que dificulta uma decisão do governo de São Paulo sobre a aceitação ou não da renovação das concessões prevista na MP 579.
O governador Geraldo Alckmin afirmou que vai esperar até segunda-feira para anunciar a posição sobre a renovação ou não das concessões da Cesp e da Emae.
Segundo cronograma do governo federal, o prazo final para a assinatura dos contratos de renovação é terça.
“Vamos avaliar. É evidente que não estamos satisfeitos com a proposta formulada”, disse Alckmin. O governador disse que espera uma posição do governo sobre o novo valor de indenização.
“É evidente que o Estado tem direito a uma indenização maior. Vamos avaliar até dia 3 e tomar uma decisão”, afirmou Alckmin.
FALHA
A indenização da Cesp está errada porque o governo federal considerou o ano de 1982, e não 1992, como início de operação da usina.
Com isso, o cálculo da depreciação considerou dez anos a mais do que deveria.
Até o momento, três empresas questionam o valor das indenizações definidas na portaria 580 do Ministério de Minas e Energia: Cesp, Emae e Cteep.
As eventuais correções nos valores das indenizações serão comunicadas, também, por meio de portaria.
Romeu Rufino, diretor da Aneel, disse ontem que algumas empresas haviam feito pedido apenas para entender o modelo do cálculo -e não para retificar os valores estipulados.
Caso o governo não consiga rever esses valores antes de 4 de dezembro, data final para a assinatura dos contratos de renovação das concessões por mais 30 anos, Rufino disse que o governo pode realizar uma indenização complementar posterior.
A medida não comprometeria a segurança jurídica dos contratos, diz o governo.
OUTROS PROBLEMAS
O presidente da Cesp, Mauro Arce, disse que a falha nas indenizações é apenas um dos problemas que dificultam uma decisão do Estado.
Segundo ele, há dúvidas ainda em relação aos critérios que definiram a tarifa de R$ 7,42 por megawatt-hora após a renovação.
Além disso, a empresa também quer saber o que ocorrerá com os contratos de venda de energia de 770 MW médios que a Cesp terá de cumprir até 2015.
A empresa ainda aguarda resposta a recursos sobre esses pontos.
O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, diz que o valor de indenização contábil na Cesp é de R$ 7,6 bilhões por três usinas (Três Irmãos, Ilha Solteira e Jupiá). Ele admitiu que esse valor pode ser negociado.
Fonte: Folha de S.Paulo/Mercado