Sem recursos, governo tenta achar solução; membros da Fazenda esperam que caso sensibilize Congresso
FÁBIO MONTEIRO
MARINA DIAS
DE BRASÍLIA
O governo Dilma Rousseff busca alternativa para autorizar o pagamento de parte do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS. Com o aperto no caixa do Tesouro, a presidente ainda não decidiu se vai ou não editar decreto para liberar o pagamento.
Caso o governo não antecipe o benefício, será a primeira vez em nove anos que os aposentados e pensionistas ficarão sem o adiantamento no contracheque de agosto.
A expectativa é que uma decisão para o caso saia na próxima semana.
Apesar de a decisão ainda não ter sido tomada, um indício de que o pagamento não deve ocorrer neste mês está no fato de a folha de pagamento da Previdência referente ao mês de agosto já ter sido concluída sem a inclusão do adiantamento.
Em anos anteriores, o fechamento da folha de agosto ocorreu depois de ter sido editado o decreto presidencial autorizando a antecipação de parte do 13º.
Até o momento, o Ministério da Previdência diz não ter sinalização sobre a decisão. Do ponto de vista técnico, o INSS ainda pode realizar o pagamento no fim deste mês e noinício do próximo desde que o decreto saia nos próximos dias. Outra possibilidade é a presidente assinar o decreto determinando que o adiantamento seja realizado somente a partir de setembro.
A lei não determina que o pagamento de parte do 13º seja obrigatório na folha de agosto. Essa prática começou em 2006, após acordo firmado entre o governo Lula e entidades representativas de aposentados e pensionistas.
Segundo a Previdência, o acordo valia até 2010, mas o Executivo optou por continuar antecipando os recursos, como forma de ajudar a manter a economia aquecida.
Neste ano, com a troca da equipe econômica e a debilidade das contas do governo, o pagamento foi colocado em xeque porque agravaria a situação fiscal neste mês.
Para o mês de julho, a expectativa é que o resultado fiscal seja muito ruim.
A Folha apurou que o governo ainda tenta achar uma solução para o impasse. A equipe econômica reconhece as dificuldades de recursos para realizar a operação.
PRESSA NO CONGRESSO
Nos bastidores, assessores da Fazenda usam o episódio para destacar a importância de o Senado aprovar a última medida do ajuste fiscal: o projeto que reonera a folha de pagamento das empresas.
Nesta sexta (14), o ministério anunciou que pediu a suspensão, temporária, de novas operações de crédito no mercado externo por parte de Estados e municípios. A medida visa conter o endividamento desses entes, preservando as contas públicas.
Folha de S. Paulo