Uma nova versão do instrumento de escrita manual para deficientes visuais, a Reglete Positiva, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, diminui em até 60% o tempo de aprendizado do sistema braile. Nos modelos da ferramenta encontrados no mercado nacional, a escrita é feita em baixo-relevo, o que faz com que o código tenha de ser escrito no sentido inverso, começando da direita para a esquerda, pois só se torna legível do lado oposto da folha. Isso exige que, para a alfabetização em braile, a pessoa seja obrigada a aprender dois alfabetos, o da escrita e o da leitura.
O conceito do novo modelo, chamado Reglete Positiva, baseia-se na escrita no mesmo sentido da leitura e sem qualquer inversão, com os pontos realizados em alto-relevo. Segundo a coordenadora do projeto, Aline Otalara, a principal modificação realizada para isso foi no punção, o instrumento pontiagudo que perfura o papel, formando os caracteres. Ele foi desenvolvido com pequeno buraco na ponta, que contorna o relevo, permitindo que a escrita fique legível na mesma face do papel em que foi feita.
“O instrumento já escreve na forma da leitura. Com isso, o aprendizado do braile se torna muito mais rápido”, afirma Aline. O sistema também ficou mais colorido, para facilitar a identificação de quem enxerga pouco e aumentar a inclusão de crianças com deficiência visual na escola.
O projeto contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, por meio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), com a parceria do Instituto Padre Chico e do Senai–Unidades de Itu e Rio Claro. “Ao todo, o processo de desenvolvimento do produto e de testes em instituições, que atendem às pessoas com deficiência visual, levou seis anos”, conta Aline. O desenvolvimento da Reglete Positiva resultou em um pedido de patente, que está em processo de avaliação.
Uilian Vigentim, que perdeu a visão na infância, mas nunca se afastou da leitura, foi um dos consultores da pesquisa. Ele garante que o novo sistema é mais prático. “Um dispositivo que reduz o tempo de aprendizagem e maximiza a escrita braile tende a facilitar e difundir mais ainda a acessibilidade à leitura e à escrita no País e no mundo”, afirma.
DOE, Executivo II, 06/06/2013, p. II