Cicatrização mais rápida

Um selante de fibrina, espécie de cola biológica desenvolvida pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), apresentou sucesso em testes para a cicatrização de úlceras crônicas e como substituto ou adjuvante de sutura em cirurgias.

Com base nisso, em breve será criado o Laboratório de Produção de Selante de Fibrina. Na semana passada, foi assinado contrato para o desenvolvimento dos projetos executivos dirigidos à sua construção com a empresa vencedora do processo licitatório, na diretoria da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). A Conceito Projetos Integrados de Engenharia, que apresentou o orçamento de R$ 170 mil, ficou responsável por elaborar o projeto em 90 dias.

O selante de fibrina é um bioproduto nacional, feito a partir da mistura de uma enzima extraída do veneno da cascavel (Crotalus durissus terrificus) com fibrinogênio de sangue de grandes animais (bubalinos, equinos, bovinos ou ovinos). Sua ação é baseada no princípio natural da coagulação. No laboratório, será testado em fase 2, com verba de R$ 4,45 milhões do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, repassados por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e de R$ 2 milhões da Unesp. O projeto integra linha de financiamento destinada a identificar produtos estratégicos de tecnologia nacional para o SUS (Sistema Único de Saúde).

Uso no SUS – O ensaio clínico em fase 1, realizado pela Faculdade de Medicina da Unesp e pela Universidade Sagrado Coração (USC), avaliou o uso da cola biológica em 24 pacientes com úlceras venosas nas pernas. Onze receberam a terapia convencional, conhecida como bota de Unna, que consiste no uso de bandagens impregnadas de óxido de zinco. Os demais, além desse tratamento receberam antes as aplicações da cola de fibrina nas lesões.

“A cicatrização foi muito mais rápida e melhor nos indivíduos que receberam o selante”, conta Silvia Regina Barraviera, orientadora dessa tese de doutorado. “A equipe prepara-se para testar o produto em uma escala bem maior que a das pesquisas já feitas”, explica. O financiamento do Ministério da Saúde garantiu a verba Cicatrização mais rápidapara a realização desse estudo multicêntrico sobre a aplicação do adesivo biológico no tratamento da úlcera venosa em humanos e, também, para a instalação do laboratório.

A expectativa é que, após a conclusão do estudo e da realização de novos testes, na Fundação Oswaldo Cruz, o selante de fibrina receba a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para uso em humanos “A ideia é abastecer a rede do SUS e tornar o Cevap autossustentável financeiramente”, afirma o diretor do centro, Benedito Barraviera. “Estamos fazendo pesquisa focada e responsável, para ajudar a solucionar problemas nacionais”.

Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa da FMB/Unesp