Custo para tirar CNH vai subir até 20% com aulas em simulador de direção
Nova regra determina que sejam feitas cinco aulas no aparelho, de 30 minutos cada, antes do início da parte prática; cada sessão no volante virtual deve custar, em média, R$ 40

02 de janeiro de 2014 | 23h 17

Fabiana Cambricoli e Luciano Bottini Filho

Quem quiser tirar a carteira nacional de habilitação (CNH) a partir de agora
terá de passar por cinco aulas em um simulador de direção instalado nas
autoescolas. A nova regra, que começou a valer nesta quarta-feira no País, vai
elevar em até 20% o valor gasto na emissão do documento. Antes da mudança, o
interessado em obter a permissão para dirigir tinha de desembolsar, em média, R$
1,2 mil, segundo a Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto). Com a
alteração, esse valor subirá até R$ 250.

Definida por resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a norma é
válida apenas para a categoria B (habilitação para automóvel).

As aulas, de 30 minutos cada, devem ser feitas obrigatoriamente antes do
início da parte prática. As atividades no simulador não diminuem o número mínimo
de aulas práticas exigidas: 20 aulas de 50 minutos.

As aulas simuladas também não têm caráter eliminatório. “O Detran recebe um
relatório com os resultados do aluno, mas não há uma avaliação. A ideia do
simulador é permitir que o estudante se familiarize com situações de risco”, diz
Silvio Luiz de Oliveira, diretor de ensino da Autoescola Veja, uma das que já
têm o equipamento.

A cada aula, o aluno vê o nível de dificuldade aumentar. A simulação começa
com conceitos básicos e vai incorporando situações de adversidade, como trafegar
em vias de grande movimento, em pista escorregadia ou sob neblina intensa.

“É bem parecido com a realidade, a estrutura é idêntica à do carro. Acho que
ajuda o aluno a ter mais noção antes de ir para o trânsito real”, diz a aluna
Joyce Lemos, de 27 anos.

Para Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor da Associação Brasileira de
Medicina de Tráfego (Abramet), a inclusão de aulas simuladas ajuda a suprir uma
carência na formação dos condutores. “Os cursos existentes são insuficientes,
porque só ensinam o que é necessário para a prova prática. O aluno não tem
contato com os riscos que vai encontrar no dia a dia, e o simulador pode ajudar
nisso.”

Apesar de a regra já estar em vigor, muitas autoescolas e Detrans não se
prepararam para a mudança. “Algumas autoescolas não compraram as máquinas
achando que a lei não ia pegar, e muitos Detrans não adequaram seus sistemas”,
diz Magnelson Carlos de Souza, presidente da Feneauto.

Demanda. A prática provocou uma demanda maior no fim do ano
para a instalação dos aparelhos e sobrecarregou as quatro empresas habilitadas
para fornecer os equipamentos. Muitos CFCs ainda aguardam a chegada do
simulador. Segundo as empresas fornecedoras, os prazos estão sendo cumpridos.

O custo médio de um aparelho é de R$ 40 mil, mas é possível obter o simulador
por comodato. Em todos os casos, o custo é repassado para o consumidor. As
autoescolas não são obrigadas a ter a máquina e podem dividir o equipamento com
outras empresas. A manutenção varia de mensalidades de R$ 750 a R$ 1.750 ou
taxas de R$ 4 a R$ 15 por aula.

Com esse custo, as autoescolas preveem que o preço médio da aula simulada
seja de R$ 40, acima do que é pago pela prática, entre R$ 30 e R$ 35.