Emprego industrial tem maior queda em 2 anos e meio
Recuo foi de 1,7% em maio na comparação com igual mês de 2011; a piora ocorreu em 12 das 14 regiões pesquisadas

A indústria paulista foi a que gerou o maior impacto na redução de vagas de trabalho, com perda de 3,2% no ano

DO RIO

Com empresários menos confiantes, o emprego na indústria voltou a cair. Maio foi o oitavo mês consecutivo de queda e apresentou o pior desempenho mensal desde dezembro de 2009, de acordo com o IBGE.


Na comparação com abril, o recuo do total de empregados foi de 1,7%, nível de retração que não se via desde o auge da crise internacional de 2008-2009.


No acumulado do ano, a perda é de 1,1%. A indústria paulista, mais diversificada e com maior peso nas exportações, gerou o principal impacto no fechamento de vagas: perda de 3,2% no ano.


Outra constatação é que a tendência de piora do mercado de trabalho industrial está disseminada: ocorreu em 12 dos 18 ramos avaliados e 12 de 14 regiões pesquisadas.


André Macedo, técnico do IBGE, diz que há uma piora “gradual” e cada vez mais intensa em todos os indicadores de trabalho na indústria.


Para ele, o setor patina com a crise, que fecha mercados no exterior para produtos brasileiros e, ao mesmo tempo, permite uma “invasão” de importados que não encontram espaço em seus países de origem.


A indústria também sofre com o enfraquecimento do consumo doméstico, a inadimplência em alta e o menor otimismo de empresários, apesar da queda dos juros.


Nem mesmo o rendimento do setor, que vinha em alta, se sustentou. Frente a abril, recuou 2,5%, a maior contração desde dezembro de 2010. Resultado: de abril a maio, as empresas cortaram vagas, queda de 0,3%.


Segundo Macedo, ramos que já sofriam com a falta de competitividade e maior concorrência externa, como calçados, vestuário, fumo e madeira, ampliaram demissões. Outros setores passaram a cortar vagas mais recentemente, como o automobilístico e o de siderurgia.


A valorização do real frente ao dólar (que melhora a competitividade brasileira) e as medidas de estímulo ao crédito e desoneração de tributos não foram suficientes para animar os empresários.


Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), porém, essas ações do governo podem surtir “efeitos mais visíveis” a partir do segundo semestre.


Um sinal de que abertura de vagas ainda deve demorar é a queda do número de horas pagas pelas empresas aos empregados desde setembro. Em maio, houve retração de 2,8% desse indicador na comparação com maio de 2011.


Quando há aumento de encomendas, empresários costumam ampliar as jornadas de trabalho de seus funcionários antes de abrirem vagas. (PEDRO SOARES)


Fonte: Folha de S.Paulo/Poder