Para a Desenvolve SP, falta inovação no setor; sindicato afirma que está mais difícil obter crédito junto ao órgão
FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO
O volume de empréstimos feitos pela Desenvolve SP (agência de fomento para pequenas e médias empresas do governo de São Paulo) teve queda de 11% no ano passado em comparação com 2012.
O resultado foi consequência principalmente da queda de empréstimos para indústrias. Em 2013, foram desembolsados R$ 157,2 milhões para esse setor, valor 28% menor que o de 2012.
Segundo o presidente da Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos, o ritmo de empréstimos mais lento é resultado da concorrência com produtos importados (principalmente da China).
“A indústria padece de falta de inovação, de falta de melhoria de processos e de uma carga tributária elevada”, afirma Santos.
Segundo ele, houve uma redução nos pedidos de financiamentos –principalmente no setor de fabricação de máquinas.
Para Joseph Couri, presidente do Simpi (sindicato da micro e pequena indústria do Estado), não há menos interesse dos empresários em crédito, mas, sim, dificuldade de consegui-lo.
Ele diz que o sindicato tem parceria para divulgar a Desenvolve SP para seus afiliados há quatro anos. Porém nenhum empresário que procurou a agência indicado pelo sindicato teve êxito, diz.
“Se um empresário quer comprar uma máquina, um banco de desenvolvimento deveria incentivar isso”, diz.
A agência de fomento diz que, das 22 empresas que se identificaram como encaminhadas pelo Simpi, dez possuíam faturamento inferior ao limite da pequena empresa (R$ 360 mil anuais) e foram encaminhadas ao Banco do Povo –instituição do Estado de São Paulo que oferece empréstimos a pequenos empreendedores, formalizados ou não, com faturamento inferior a esse teto.
As restantes deixaram de apresentar todas as documentações cadastrais necessárias ou desistiram das operações durante o processo.
Na contramão da indústria, os serviços tiveram alta de 111% no valor total de empréstimos em 2013 (foram R$ 165 milhões), puxados por investimentos do setor hoteleiro, segundo Santos.
A tendência de queda não foi acompanhada por outras agências. O BDMG, banco de fomento de Minas Gerais, informa que emprestou R$ 2,09 bilhões em 2013 (alta de 46%) em relação ao ano anterior. Na indústria, a alta foi de 20%, chegando a R$ 1 bilhão em recursos.
Folha de S. Paulo