Encontro discute como a mídia trata as pessoas com deficiência

ento promovido pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência reuniu profissionais de TV, rádio, mídia impressa e internet para discutir a utilização correta de termos referentes às pessoas com deficiência. Foi o 7º Encontro Estadual de Gestores de Comunicação do Estado de São Paulo. A segunda reunião será realizada no dia 22 de maio para profissionais de publicidade e propaganda. O último debate acontecerá no dia 26 de junho para gestores públicos e assessores que prestam atendimento ao público.

Falando sobre o tema A responsabilidade do jornalismo na defesa da inclusão, o jornalista Luiz Alexandre Souza Ventura abordou a forma com que a mídia retrata pautas que envolvem pessoas com deficiência. Ventura é responsável pelo blogue Vencer Limites, do portal Estadão, que apresenta questões sobre acessibilidade, inclusão, diversidade e cidadania de pessoas com deficiência, e registra cerca de 200 mil acessos por mês.

“Desde que eu criei o blogue, percebi que a grande imprensa no Brasil não participa do debate sobre o universo das pessoas com deficiência. O que não significa que o assunto não é abordado, somente não é aprofundado. É uma visão absolutamente superficial e linear a respeito deste universo, levando sempre os temas para o lado da superação, do herói e do guerreiro”, afirma Ventura.

O jornalista apresentou dados sobre o monitoramento do tema que realizou durante uma semana no mês de abril em grandes portais de rádios, jornais e revistas na internet. A pesquisa apontou que apenas três vezes no período foram citados os temas “inclusão” e “deficiente” (inapropriados para designar as pessoas com deficiência).

Para Ventura, ainda há muito a ser feito para que os 45,6 milhões de brasileiros com deficiência sejam, de fato, representados na mídia. O jornalista defende que a mobilização deveria começar pelos editores e responsáveis pelos veículos de imprensa.

Cuidados e estereótipos – A repórter do Fantástico, apresentado pela Rede Globo, e consultora na área da inclusão, Flávia Cintra, listou termos que não devem ser utilizados nos conteúdos jornalísticos. Entre eles, expressões como “aleijado, ceguinho, surdo-mudo, paralítico, mongoloide, especial, deficiente, portador de deficiência, portador de necessidades especiais e pessoa com necessidades especiais”.

“As barreiras que tenho de enfrentar no meu dia a dia passam muito pelo modo como a gente se comunica. Nós, jornalistas e profissionais de comunicação, temos um repertório que trazemos da nossa história de vida e vem impregnado de todos os estigmas nos quais aprendemos a acreditar desde sempre como corretos e verdadeiros. Daí surge a ideia de que o sujeito com deficiência sempre é vítima de uma situação ou é considerado como super-herói”, afirma Flávia, que critica o modo de reprodução da fórmula de algumas novelas, por exemplo, que no final o vilão é castigado com alguma deficiência ou o mocinho é presenteado com o milagre da cura.

Em sua apresentação, Flávia recomendou também cuidado na reprodução de estereótipos, como dizer que trabalhadores com deficiência são melhores e mais esforçados do que os sem deficiência, que chegam na hora e não faltam.

As jornalistas Natasha Torres, responsável pelas redes sociais da secretaria, e Simone Nieves, da comunicação institucional da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, apresentaram recursos de acessibilidade disponíveis em diversas redes sociais. Ensinaram, por exemplo, como os participantes podem fazer descrição das imagens que publicam, sempre com a #paracegover.

DOE, Executivo I, 03/05/2018, p. II