DO ENVIADO A BELO HORIZONTE
No altar da basílica de santo Agostinho em Roma, Caravaggio retratou a Virgem com o rosto de sua amante, a prostituta Lena.
Entre a fama de maldito e sua acolhida pelo alto clero, o artista, acusado de matar um homem e morto em circunstâncias desconhecidas, colecionou mitos em torno de sua figura.
Só nos anos 60 é que essa narrativa romanceada e em grande parte falsa a respeito do maior artista barroco foi substituída pelos estudos do historiador italiano Roberto Longhi, responsável pela reabilitação de Caravaggio a seu posto na história da arte.
Lançado este ano pela Cosac Naify, a primeira tradução para o português do ensaio de Longhi permite rever Caravaggio à luz de suas influências em Milão e entender como construiu suas composições mais célebres e arrebatadoras.
Ele analisa, por exemplo, o “paralelo fúnebre entre o crânio calvo e a caveira” do são Jerônimo que está agora no Brasil.