Enxaqueca é hereditária e acomete cerca de 15% da população mundial


Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a enxaqueca é a décima doença crônica mais incapacitante e acomete aproximadamente 15% da população mundial. No Brasil, atinge 10 milhões de pessoas e o custo ao Sistema Único de Saúde (SUS) soma R$ 140 milhões quando o paciente é internado em prontos-socorros.


Somente no Brasil, a dor de cabeça atinge 10 milhões de pessoas; tratamentos alternativos, com o uso de toxina botulínica e neuromodulação, têm sido empregados na melhoria dos sintomas


Na enxaqueca, a dor ocorre geralmente em um dos lados da cabeça, é latejante ou pulsátil, dura de quatro a 72 horas, e pode vir acompanhada de náuseas e/ou vômitos, tonturas, intolerância à luz (fotofobia), barulho (fonofobia), cheiro (osmofobia) e movimentos (cinetofobia).


“É comum o histórico familiar, pois a enxaqueca é determinada geneticamente”, informa a neurologista Ieda Fortini, chefe do Ambulatório de Cefaleias do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).


As estatísticas revelam que a enxaqueca é incapacitante, 25% dos brasileiros têm incapacidade moderada e grave e não conseguem trabalhar ou estudar durante o período de crises. “A doença acomete 25% do sexo feminino e 10% do sexo masculino”, diz a neurologista.


Não faltam motivos que podem desencadear o problema: estresse, obesidade, sono inadequado, jejum, alguns alimentos, cheiros fortes, tempo seco, etc. Entre as mulheres, o quadro costuma ser agravado por fatores hormonais.


A naturopata Thaís Sampaio, de 26 anos, sabe muito bem o que é perder dias de trabalho e de estudo por causa da enxaqueca. “Ela aparece, principalmente, durante o meu período menstrual. Cheguei a ficar quatro dias em um quarto escuro para conseguir controlar a dor”, explica.


Fatores – Entre os casos de automedicação,a dor de cabeça é a campeã. Em contrapartida, a  ingestão de analgésicos é o exemplo mais citado quando se fala de problemas. Os relatos abrangem desde o mascaramento de sintomas até o aparecimento de úlceras e hemorragias. “A cefaleia pode ser consequência de tensão, jejum, hipoglicemia, hipertensão, aneurisma cerebral, início de meningite ou uma tendência a enxaqueca, entre várias outras”, explica o diretor da Associação Paulista de Medicina (APM), Paulo Pêgo Fernandes.


Pessoas de qualquer idade com queixas de dor de cabeça devem consultar o médico para esclarecer o tipo de cefaleia, sua causa e o tratamento específico. Além de tomar remédios com orientação profissional, Ieda Fortini recomenda a prática de exercícios físicos e atenção à rotina diária para identificar possíveis fatores desencadeantes dos episódios de dor e, assim, evitá-los. “O estresse  provoca o início das crises, por isso, exercícios de relaxamento podem ser benéficos”, frisa o diretor da APM .


O médico e diretor da Clínica Ser Integral, Roberto Debski, orienta a pessoa com dor de cabeça a repousar em lugar tranquilo, silencioso e com pouca luz, hidratar-se bem, tomar o medicamento prescrito por seu médico. Isso pode abortar ou aliviar uma crise, ou, então, diminuí-la. “Se a crise for intensa e associada a outros sintomas, medicações analgésicas devem ser aplicadas num serviço de pronto atendimento.”


Tratamentos Além da ingestão de analgésicos, anti-inflamatórios e vasoconstritores isolados ou associados para eliminar a dor, entre os tratamentos disponíveis atualmente no Brasil estão o uso da toxina botulínica e a neuromodulação, que permitem uma melhora na qualidade de vida das pessoas com enxaqueca, diminuindo o uso de medicamentos.


A mais recente novidade é a neuromodulação. Um novo aparelho em formato de arco que, ao ser colocado na cabeça, gera pequenos estímulos elétricos ao nervo trigêmeo, principal causador das dores de cabeça.


De acordo com a neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Thais Villa, o método não invasivo e sem efeitos colaterais é ideal para quem convive com dores de cabeça e crises de enxaqueca frequentes, como enxaqueca comum, enxaqueca com aura, enxaqueca oftálmica, episódica, crônica, menstrual, sinusite, dor na região anterior da cabeça e dor de cabeça crônica. A médica lembra que a neuromodulação só pode ser utilizada com orientação médica.     


Bruna Ortega, assessora de imprensa, relata ter enxaqueca crônica desde criança. “Hoje, com 36 anos, posso dizer que convivo com ela há pelo menos três décadas. Felizmente, encontrei um tratamento, a neuromodulação, que controla bem minhas crises”, finaliza.


DOE, Executivo I, 30/11/2016, P.I