Essa moda pega e abre um futuro
Peças do Bazar de Moda do Fussesp, produzidas ao longo do ano pelos alunos, chamam a atenção pela beleza e criatividade

O Salão dos Pratos, no Palácio dos Bandeirantes, foi palco
do Bazar de Moda, promovido pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de São
Paulo, ontem, 6. Durante nove horas, o público pôde apreciar os estandes de
corte e costura, bordado em linha, bordado em pedraria, crochê, confecção de
caixas, além das araras repletas de vestidos que serão tendência na próxima
estação. Foram exibidas mais de 3 mil peças de vestuário, acessórios e
decoração para casa como almofadas, jogos americanos, panos de copa, bolsas,
necessaires, estojos, caixas finamente revestidas de tecido para diferentes
usos, com preços a partir de R$20 – trabalhos desenvolvidos na Escola de Moda, mantida
pelo Fussesp. A renda obtida com a venda dos produtos será destinada à continuidade
do projeto.

A qualidade dos produtos, na avaliação de Lu Alckmin,
presidente do Fussesp, mostra que o curso, cujo foco principal é a pessoa desempregada,
realmente prepara os alunos para o ingresso no mercado de trabalho.

Lu vestiu a camisa, ou melhor, uma das roupas do projeto: um
tubinho cavado, com estampa geométrica em preto e branco, criado pela estilista
Leila Lasnaux, e uma das peças mais cobiçadas da coleção. Segundo Leila, a
terceira edição do Bazar da Escola de Moda foi pensada a partir das muitas dicas
e referências dadas pela primeira-dama. “Principalmente, os vestidos”.

Novidades – Desta vez, a mostra veio recheada de novidades,
muitas delas podendo ser conferidas nas araras que exibem peças preparadas para
o verão. Uma delas: os vestidos justos ou casacos curtos, adornados com o
peplum (espécie de babado cortado em viés). “Uma releitura da moda dos anos
1940 e 1950”, explica Eliana Garcia de Souza, professora de modelagem da
unidade da Casa de Solidariedade II, no Parque D. Pedro. “O Bazar é a
concretização do que a gente ensina diariamente, no meu caso, modelagem”.
Eliana e as demais professoras ensinam modelagem a grupos de quase 40 pessoas
por mês, com carga horária de 120 horas.

O evento contou com a participação de primeiras-damas de
diversas cidades, visitantes, além de professores das quatro Escolas de Moda,
localizadas no Palácio dos Bandeirantes, na Casa de Solidariedade II, no Parque
da Água Branca e na Unidade São João, centro de São Paulo.

Outra novidade: os interessados nas compras podiam recorrer
à ajuda de uma das professoras, que, carregando as ecobags, ofereciam
assessoria sobre os produtos, material utilizado, etc.

“Estou apaixonada por tudo”, dizia a decoradora e corretora
de imóveis, Vera Ribeiro, ao lado da professora de modelagem do Parque da Água
Branca, Michele Cazuza. Na sua ecobag de lona, carregava um porta-óculos, uma
caixa para jóias e jogos americanos inspirados na linha dos pratos famosos do
Salão. “Vou fazer muita gente feliz neste Natal”, dizia.

Discretas, as alunas Sueli Oliveira e Íria Oura, recém-chegadas
ao curso de corte e costura no Palácio dos Bandeirantes, observavam a
movimentação do Bazar. “Estamos começando, mas no ano que vem você vai ver
nossas peças em exposição”, dizia Sueli que, durante anos sonhou em aprender a
costurar, mas nunca passou de fazer barra, ou “coisinhas básicas”. “Acho o
projeto bárbaro, prático, não toma tempo da gente e ainda nos permite sonhar
ter uma renda”. Íria passou grande parte da vida pensando na educação dos
filhos e o máximo que aprendeu foi o patchwork. “Agora que estou desempregada,
vim correndo para cá, estou sonhando alto”.

 

 

Qualificação e renda

A Escola de Moda é um projeto da Escola de Qualificação
Profissional do Fundo Social de Solidariedade, lançado em 2011, durante a São
Paulo Fashion Week. A ideia surgiu após uma conversa da presidente do Fussesp
com mulheres da periferia. Elas comentaram que não conseguiam emprego depois
dos 40 anos. Por outro lado, estilistas e empresários disseram que faltavam
costureiras e bordadeiras no mercado. Surgiu a Escola de Moda para atender
essas demandas e com o objetivo de oferecer capacitação profissional e renda a
pessoas desempregadas.

O projeto foi levado ao interior e iniciou a expansão por
meio dos pólos de moda. Hoje são 28 polos regionais no interior e 28 na
capital, presentes nas regiões norte, sul, leste, oeste e centro. Desses polos,
surgiram 366 unidades da Escola de Moda.

Os cursos oferecidos são Corte e Costura, Modelagem, Bordado
em Linha, Bordado em Pedraria, Crochê e Confecção de Caixas.

 

Maria das Graças Leocádio

Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

 

DOE, Página de Notícias IV, 07/11/2013