Elaborada de forma a revelar a diversidade e capacidade da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) de incidir de forma transformadora no mundo, a exposição FAU 70 anos abre as celebrações das sete décadas de atividades da escola, fundada em 1948.
Desde o dia 17 de abril, ela ocupa duas grandes salas do Edifício Joaquim Nabuco, no Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma). Em uma delas, a trajetória da instituição é apresentada por meio de uma Linha do Tempo e de projetos, práticas políticas, experiências didáticas e realizações artísticas realizados na instituição.
A segunda abriga referências e resultados das atividades mais recentes da FAU, a fim de explicitar o seu compromisso com a sociedade. O conteúdo é formado por projetos premiados, registros da presença em instituições públicas e ações de cultura e extensão realizadas por professores, alunos e funcionários.
Passado e futuro – “Essa exposição nasceu de uma proposta de funcionários ligados ao sistema de arquivos. Depois de definirmos os parâmetros da exposição, iniciamos sua construção em outubro do ano passado. Desde o início, houve grande apoio de alunos, professores, funcionários e ex-alunos. Eles trouxeram livros, obras de arte, objetos, fotografias, móveis, foi realmente um trabalho coletivo de muita dedicação”, comenta a professora Ana Lúcia Duarte Lanna, coordenadora da FAU 70 anos.
Segundo ela, o objetivo foi contar a história de uma instituição que já possui uma longa e importante trajetória. “Somos uma escola de fato, no sentido de ter uma proposição inicial, um projeto que nos forma. É isso que pode ser visto aqui, como também o cotejo contínuo da nossa história com a expectativa de futuro”, avalia Ana Lanna.
Ela considera que o grande desafio da FAU nesse momento é o de reafirmar essa trajetória, sem ser da mesma maneira. “Eu espero que a exposição reflita um pouco dessa essência e que todos possam se reconhecer”, destaca.
Espaço de memória – Três amigas e um passeio de muitos resgates: em visita à exposição, Philomena, Maria Helena e Lena rememoraram situações variadas. Arquiteta aposentada, a mineira Philomena Miller Chagas vive há décadas em Estrasburgo, na França, mas programou-se para visitar a mostra na sua vinda ao Brasil. “Estou em São Paulo para ver isso”, destacou.
Embora tenha estudado arquitetura em Minas Gerais e lecionado por 30 anos na universidade da cidade francesa em que reside, sente-se bastante ligada à FAU-USP. O vínculo deve-se à orientação de Vilanova Artigas no mestrado realizado na Universidade de Brasília (UnB), e aos contatos travados com muitos alunos e ex-alunos da faculdade paulista.
Um exemplo é Joaquim Guedes (1932-2008), um dos importantes arquitetos formados na instituição e irmão de sua amiga Maria Helena Guedes Crespo, que a acompanhou à exposição. “Vim para desfrutar das recordações”, revelou Philomena.
A educadora Maria Helena aproveitou para buscar alguma referência sobre o irmão. Localizou seu nome no painel que exibe a relação de todos docentes e funcionários que integraram a FAU, e que, de acordo com a professora Maria Lanna, teve de ser elaborada, porque não existia. “Pesquisamos muito”, revela a coordenadora do trabalho.
O empenho rendeu a Lena Coelho Santos, ex-aluna da pós-graduação do departamento de história da FAU-USP e professora de história da arte aposentada, a oportunidade de “achar” pessoas que conheceu, tanto na FAU, quanto na UnB, onde lecionou no curso de arquitetura.
“Aqui tem um monte de gente que deu aula em Brasília na minha época”, comentou, apontando para o quadro. “Estou procurando coisas sobre eles e sobre meus professores da pós”, disse a anfitriã de Philomena em São Paulo.
Reconhece alguém? – Assim como as amigas, o urbanista aposentado Maximiliano Noviello, que frequentou a faculdade de 1967 a 1975, foi à mostra para remexer a própria memória. Composta de bons momentos, ela inclui também episódios tensos e tristes. “Logo que ingressei no curso, professores importantes foram cassados”, lamenta, pouco antes de localizar a fotografia que retrata o retorno de Maitrejean, Paulo Mendes da Rocha e Vilanova Artigas em 1979.
“São eles”, reitera. E lamenta: “Foi um período muito triste”. Mas logo recupera a animação diante do álbum repleto de fotos tiradas na faculdade em várias épocas e situações. Exibido junto a tirinhas de papel Exposição conta a história da FAU nos 70 anos da sua fundação adesivadas, caneta e lupa, o item integra o totem Em busca do tempo perdido: Reconhece alguém? Procure, encontre, comente, que convida ex-alunos e outros a identificarem conhecidos e a si próprios. “Será que você está aqui?”, reforça a namorada de Maximiliano, Andrea Oliveira.
A exposição fica em cartaz no Ceuma até 24 de junho, com entrada gratuita. Depois disso, apenas a Linha do Tempo deverá ser reproduzida no prédio da faculdade, mas a celebração da data terá continuidade. Estão previstos, a partir de junho, o lançamento do catálogo da mostra e a realização de palestras e debates na unidade. A programação será definida até o final deste mês.
DOE, Excutivo I, 05/05/2018, p. II