Falta de sacola grátis dará multa a supermercado
Supermercados são obrigados a fornecer embalagem biodegradável, de graça, caso não disponham de caixas


Ivo Patarra
O Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) promete averiguar reclamações de consumidores obrigados a comprar sacolas biodegradáveis para levar as compras dos supermercados e, constatadas as irregularidades, vai multar os estabelecimentos. A autuação é de pelo menos R$ 400, dependendo da gravidade da infração cometida.


O DIÁRIO flagrou vários casos de consumidores que tiveram de comprar sacolinhas ontem à tarde. Os supermercados, contrariando orientação do Procon, não ofereciam caixas de papelão para os consumidores carregarem as compras. 


A nutricionista Adriana Guimarães, de 36 anos, teve de comprar quatro sacolas, a R$ 0,19 cada, no Extra da Freguesia do Ó, Zona Norte de São Paulo. “Eu não sabia que  tinham de dar de graça”, reclamou ela. “É absurdo, e agora ainda temos de comprar saquinhos de lixo.”


Em nota, a Apas (Associação Paulista de Supermercados) reforçou que os estabelecimentos oferecem gratuitamente caixas de papelão. Não foi o que aconteceu no Futurama de Pinheiros, na Zona Oeste da cidade. Lá, o faxineiro José Luiz Filho, de 52, teve de pagar R$ 1,19 numa sacola retornável. “Foi o jeito”, conformou-se ele.
No mesmo Futurama, o garçom Augusto Torres, de 25, e a namorada Denise Reis, de 23, desconheciam que o supermercado não podia cobrar pela sacola, caso deixasse de oferecer uma alternativa gratuita. “Vou reclamar”, prometeu Torres, que teve de adquirir duas sacolas retornáveis.


O gerente David de Oliveira negou o problema. “Só vendemos se o consumidor pedir. Temos caixas de papelão para quem quiser”, garantiu ele.


desigual /“Isso é uma palhaçada”, protestou a auxiliar de marketing Marisa Aparecida de Jesus, de 49, forçada a pagar R$ 0,19 numa sacolinha no Carrefour do Bairro do Limão, na Zona Norte. “O preço da sacola já está embutido nos preços dos produtos que compramos”, afirmou ela. “Deveria ser de graça para todo o mundo.”


Marisa considera  a medida socialmente perversa. “Quem tem carro, põe as compras no carrinho e leva até o veículo. Quem é pobre e pega ônibus, precisa pagar pela sacolinha”, criticou a consumidora.


No Sonda da Água Branca, na Zona Oeste, a dona de casa Deusa Maria Gomes, de 59, ficou brava. “Não me deram alternativa no caixa. Tive de comprar a sacolinha”, disse ela. “Você acha que esse plástico vale R$ 0,19?”, estranhou ela.


No Extra da Freguesia do Ó, o balconista Francisco Anailton Pereira, de 28, teve de comprar duas sacolinhas. “Não é certo”, reclamou o consumidor no estacionamento do supermercado, mostrando que uma das sacolas já estava rasgada.


O supermercado Master, situado no Shopping Center Frei Caneca, no Centro, oferece aos clientes, gratuitamente, sacolas ecológicas feitas com bagaço de cana-de-açúcar.


Fonte: DIÁRIO DE SÃO PAULO