Governo altera Mais Médicos para evitar boicote
Candidatos que estão em outro programa federal ou em residência terão de comprovar desligamento; desistência também limitara nova inscrição.

O Ministério da Saúde decidiu alterar o edital de seleção do programa Mais Médicos para tentar evitar o boicote ao programa. Os candidatos que hoje estão em alguma residência médica e aqueles ligados ao Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab) terão de comprovar o desligamento desses programas para homologar a inscrição.

Ao mesmo tempo, aqueles que confirmarem a inscrição, mas desistirem do Mais Médicos por qualquer motivo, não poderão inscrever-se de novo por seis meses. Ontem, a Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar o possível boicote ao programa.

Como o Estado revelou, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pediu que a PF fosse acionada para verificar a veracidade de informações, com base em uma denúncia via redes sociais: os profissionais teriam combinado se inscrever no programa e desistir depois da homologação para dificultar a seleção.

As mudanças no processo de seleção passarão a vigorar na segunda etapa, quando os profissionais precisarão confirmar interesse. De acordo com o ministério, os médicos selecionados que hoje estejam no Provab – outro programa federal que envia médicos para o interior – e também os que estejam cursando residência precisarão apresentar uma declaração por escrito de que estão se desligando do programa original. Posteriormente, isso será confirmado com a instituição de origem do candidato.

Já foram registradas 11,7 mil inscrições de candidatos desde o dia 9 deste mês. A fase inicial se encerra no próximo dia 25.

Depois, começará a fase de homologação, mas ainda não há uma data fixada para isso. A intenção do ministério é preencher as vagas prioritariamente com médicos brasileiros. Se sobrarem lugares, no entanto, o governo brasileiro pretende apelar para contratações internacionais.

Negativa. O programa enfrenta enorme resistência da classe médica, contrária especialmente à contratação de estrangeiros. Apesar de o Brasil ter apenas 1,8 médico para cada mil habitantes – e a maioria estar concentrada nas Regiões Sul e Sudeste do País alega-se que o problema da saúde no Brasil é de infraestrutura e não de falta de profissionais.

A estratégia do suposto boicote seria atrasar a “importação”. O Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou nesta semana desconhecer qualquer movimentação contra o Mais Médicos. Destacou ainda que não partiu do CFM nenhum comando para que inscrições fossem feitas em massa para posterior descredenciamento.

O Estado de S. Paulo