Inflação é maior para quem ganha menos
Custo de vida sobe acima de 5% para as classes D e E em 12 meses; alta de preços para a classe A não chega a 4%

Alimentos, os vilões da inflação, pesam mais no orçamento das famílias com menor renda, diz Fecomercio

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

Quanto menor a renda, mais alta é a inflação. O custo de vida das classes D e E aumentou mais do que a média no último ano, mostra pesquisa da Fecomercio SP.


Enquanto a taxa para a região metropolitana de São Paulo foi de 4,58% nos últimos 12 meses encerrados em agosto, o custo de vida subiu 5,02% para a classe D e 5,17% para a classe E.


A faixa mais rica da população teve a menor inflação, de 3,86%. As classes C e B também tiveram taxas inferiores à média, de 4,56% e 4,21%, respectivamente.


As famílias da classe E sofrem mais com a alta de preços porque o atual vilão da inflação, a alimentação, tem peso maior no orçamento delas, em comparação com as demais classes de renda.


Os alimentos “comem” 28% da renda dessas famílias. Na classe C, essa fatia é de 24%, e, na A, de 16%.


“Os alimentos consumidos pela classe A subiram mais do que a média. Mas, como o peso deles no orçamento dessas famílias é menor, o custo de vida delas cresce menos”, diz Fábio Pina, assessor econômico da Fecomercio SP.


Influenciada pela alta nos preços de cortes nobres de carne e de frutas, como maçãs e peras, a inflação de alimentos ficou em 0,73% na classe A em agosto, ante julho. Entre consumidores de menor renda, foi de 0,59%.


Outro motivo para a inflação mais baixa na população de alta renda é o comportamento de preços de transporte, grupo com a maior participação no orçamento da classe A (25% do total).


Nesse grupo estão preços de automóveis, manutenção dos carros, combustíveis e tarifas de transporte público.


A isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) fez o preço dos carros cair, enquanto a cotação da gasolina ficou estável.


Resultado: a inflação de transporte caiu 1,6% para a classe A nos últimos 12 meses. “Um quarto do orçamento da classe A teve redução média de preços”, diz Pina.


Para quem usa transporte público, os preços subiram: 3,05% para a classe E, 2,72% para a D e 1,6% para a C.


Em habitação, os preços subiram 6,2% para a classe A, que gasta 18% de seu orçamento com moradia. A alta média foi de 5,72%.


SERVIÇOS


Os gastos pessoais (serviços como manicure, cabeleireiro e bancos) subiram mais nas classes D e E.


O grupo foi o que mais subiu entre os pesquisados, com taxa superior a 12% para a menor faixa de renda. O impacto no índice geral também não é desprezível.


O consumidor da classe E compromete 4,3% do orçamento com esse tipo de serviço, ante 5,6% da classe A.


Pina diz que a diferença deve-se principalmente aos gastos com serviços bancários, maiores para a classe A.


Todos vão à manicure. Na classe E, 1,1% do orçamento das famílias é destinado para fazer as unhas, ante 1,6% na classe A, que viu os gastos pessoais aumentarem 8,7%.


Em serviços, a maior diferença está no grupo comunicação. Para a classe A, os preços aumentaram 5,9%, ante 1,6% na classe E.


Fonte: Folha de S.Paulo/Mercado