DO RIO
Os investidores que construirão a linha de transmissão que vai levar a energia elétrica a ser produzida pela usina de Belo Monte, no Pará, ao Sudeste do país serão conhecidos hoje em leilão. A obra ficará pronta três anos depois do início previsto para a operação da usina, o que, na visão de especialistas, pode obrigá-la a produzir abaixo da capacidade até que o novo sistema de transmissão comece a operar.
Às 10h, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) inicia o leilão. Será oferecida, inicialmente, proposta para construir sozinho os 2.100 km e mais duas estações, com receita máxima anual de R$ 701,04 milhões.
Caso não haja interessados, linha e estações serão oferecidas separadamente, com receitas máximas, respectivamente, de R$ 327,4 milhões e R$ 370,7 milhões. Vence o leilão quem aceitar receber a menor receita anual.
A Aneel não divulgou os grupos habilitados. A Chinesa State Grid, que já tem o direito de exploração de 5.800 quilômetros de linhas no Brasil, confirmou participação.
Controlada pela Cemig e dona de uma das linhas em que houve problema na terça-feira, deixando 6 milhões de pessoas sem luz no país, a Taesa também confirmou participação, em consórcio com a Alupar. Eletrobras e Furnas são esperados.
Desta vez o governo deu prazo de 44 a 46 meses para entrega da obra, praticamente o dobro da média anterior, para evitar atrasos devido a licenciamentos ambientais.
O prazo, porém, oficializa a entrega da linha para o período em que Belo Monte vai gerar energia no nível máximo, em 2018. As operações começam em 2015.
O professor de sistemas elétricos da Universidade Federal de Itajubá, José Marangon, vê riscos para o abastecimento. “Em algum momento, Belo Monte vai ter que produzir menos, pois as linhas existentes não darão conta de tanta energia. E ela precisa entrar no sistema ou vai faltar luz. A linha devia ter sido licitada dois anos atrás.”
Folha de S. Paulo