15 de novembro de 2013 | 2h 03
O Ministério da Educação (MEC) vai lançar um programa de
intercâmbio internacional para negros, indígenas e pessoas com
deficiência. O programa também fomentará o ingresso em mestrado e
doutorado no Brasil de pessoas com esse perfil, com objetivo de aumentar
o número de professores.
Batizado de Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento,
ele será uma espécie de Ciência Sem Fronteiras (CsF) – que já levou 38
mil estudantes para o exterior. Entretanto, enquanto o CsF é focado em
áreas como Engenharia e Exatas, o novo programa dá prioridade às
Humanas, como o combate ao racismo, igualdade racial, história
afro-brasileira e indígena, acessibilidade, inclusão ações afirmativas.
O orçamento e o número de bolsas ainda não foram definidos. Segundo o
governo, as bolsas internacionais serão definidas com base na seleção
das instituições e na capacidade delas para receber os estudantes.
Também depende da demanda de estudantes brasileiros. Somente 11,3% dos
negros com 18 a 24 anos frequentavam ou já haviam concluído o ensino
superior em 2012 – entre os brancos esse porcentual era de 27,4%
Para incentivar o ingresso desses alunos na pós-graduação no Brasil, o
MEC vai criar cursos preparatórios. A ideia é que haja a possibilidade
de curso de leitura e produção de textos acadêmicos em português e em
língua estrangeira, metodologia e projeto de pesquisa. Também há
previsão de assistência estudantil.
Segundo Macaé dos Santos, secretária de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), do MEC, é a primeira vez
que uma política pública prioriza a inclusão na pós-graduação. “Estamos
trabalhando em busca da equidade. Nossa meta é que negros, indígenas e
também pessoas com deficiência tenham a mesma representação dentro da
universidade.”
Flink. O novo modelo será lançado oficialmente pelo ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, no domingo durante a Flink Sampa
Afroétnica. O evento, que começa hoje em São Paulo, é organizado pela
Faculdade Zumbi dos Palmares.
O reitor da Zumbi, José Vicente, vê com entusiasmo a iniciativa. “É
uma ideia importante, que vai ao encontro às demanda de qualificação”,
diz. “O Ciência Sem Fronteiras dificilmente permitiria o acesso do
negro, pela exclusão do jovem negro nas áreas prioritárias do programa. E
não podemos esperar dez anos”, completa.
O programa homenageia um dos pioneiros do movimento negro no Brasil.
Abdias Nascimento foi ator, diretor, dramaturgo e político. Morreu em
2011, aos 97 anos.