Nova opção para controle da dor em lesão da cartilagem do joelho

Pesquisadores do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC), na capital paulista, revelam resultados positivos do uso de um aparelho de terapia de sinais pulsáteis (PST, da sigla em inglês) para tratar condromalácia patelar (enfraquecimento da cartilagem da patela). Artigos sobre o assunto foram divulgados nos últimos dois anos em congressos nacionais e internacionais do joelho, cirurgia, ortopedia e traumatologia.

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo foi realizado de 2012 a 2014 e envolveu 40 voluntários de 20 a 45 anos com condromalácia patelar. “Usamos um método muito valorizado no meio científico hoje em dia, que é o estudo duplo-cego”, informa o ortopedista Marco Demange, chefe do Grupo do Joelho do IOT e professor-associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

No método duplo-cego, os pacientes foram divididos em diversos grupos, sendo que alguns deles receberam as sessões de PST e, outros, apenas simulações com a máquina desligada (placebo). Todos eles participaram da pesquisa sem saber qual tratamento foi aplicado.

O PST é um aparelho que usa um princípio de campo eletromagnético pulsátil, semelhante ao funcionamento de ímã e o seu movimento de aproximar e se distanciar de um objeto. Os voluntários passaram por nove sessões de PST de 60 minutos cada: uma por dia. Eles foram acompanhados antes da aplicação, três meses, seis meses e um ano após o tratamento.

“A condromalácia e a lesão da cartilagem da patela são difíceis de serem tratadas. O paciente pode se tratar com fisioterapia e infiltração, mas continua com a dor. Apesar da cirurgia ser indicada em alguns casos, nem sempre é a melhor opção”, comenta o especialista. Por esse motivo, o objetivo da pesquisa, diz ele, foi verificar se o PST é capaz de controlar a dor.

Demange contou que a técnica não invasiva não incomodou os voluntários e demonstrou resultados positivos ao longo de um ano. “Os indivíduos com condromalácia patelar relataram melhora significativa da dor na região anterior do joelho. Mas esse tratamento não é curativo”, ressalta.

“Apesar de alguns pacientes terem apresentado sinais de melhora parcial no exame de ressonância com MAPA T2 (técnica específica), não houve comprovação científica da regeneração da cartilagem. Para esclarecer melhor se há algum efeito nesse sentido, necessitaríamos de um número muito maior de pacientes, o que representaria custo elevado para pesquisa”, enfatiza. Porém, o ortopedista do IOT defende que agora as pessoas com condromalácia patelar têm mais uma opção de tratamento, que poderá não ser eficaz para todos os casos.

DOE, Executivo I, 03/05/2018, p. IV