A administração estadual paulista acaba de lançar o selo de acreditação Hospital Amigo do Idoso. O objetivo é identificar ações que incorporem mais qualidade e eficiência no atendimento oferecido às pessoas com mais de 60 anos em hospitais públicos e particulares do Estado de São Paulo. O selo priorizará aqueles serviços que deem mais segurança, acessibilidade e conforto aos mais velhos.
Para obtê-lo, os hospitais são incentivados a modificar sua estrutura e seu modo de atuar, com vistas a se adaptar para incluir os idosos no seu rol de prestação de serviços. “Queremos que essas pessoas sejam olhadas com suas limitações, autonomia e independência. Nossa expectativa é que, com o reconhecimento, os hospitais atendam melhor esse público. Os participantes não receberão benefício financeiro”, explica a fisioterapeuta Claudia Flo, coordenadora estadual da saúde do idoso. Ela enfatiza que a equipe de saúde deve aprender a respeitar as peculiaridades dos mais velhos e oferecer os cuidados necessários.
Envelhecimento ativo – Com o envelhecimento gradativo da população, o perfil do paciente que hoje precisa de internações hospitalares mudou. Os quadros infecciosos, principal causa das hospitalizações no passado, deram lugar às doenças crônicas. Isso torna o idoso o principal candidato ao atendimento em unidades de emergência, ou à necessidade de internação, ou à vaga em unidade de terapia intensiva.
A iniciativa do Governo paulista busca aprimorar a atenção gerontogeriátrica nos hospitais e, em breve, em outros serviços de saúde, para um modelo assistencial com foco no envelhecimento ativo em todo o Estado de São Paulo.
Poderão participar hospitais públicos ligados ao SUS e os privados que assinarem um termo de compromisso dando a garantia de que vão se empenhar para executar as ações propostas para receber o Selo de Hospital Amigo do Idoso.
Da área pública, estão inscritos os hospitais Universitário da USP, Geral de São Mateus, do Servidor Público Estadual (HSPE), Estadual Vila Alpina, além dos institutos do Câncer (Icesp) e do Coração (Incor) e do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Entre os particulares, já aderiram o Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, Albert Einstein e Santa Paula. Claudia Flo informa que muitas dessas unidades auxiliaram a pasta da Saúde na formulação dos critérios norteadores do programa.
Ações obrigatórias – No momento, somente as ações obrigatórias recebem o selo de adesão. Para receber os demais (selos Inicial, Intermediário e Pleno) há necessidade de as instituições cumprirem etapas obrigatórias e eletivas. Todas as fases serão avaliadas por uma comissão técnica da secretaria.
Após a assinatura do termo de adesão, o hospital deverá aplicar, no prazo de um ano, as sete ações consideradas obrigatórias para a obtenção do Selo Inicial. Entre elas estão: criar Comitê Gestor Local do Projeto; coletar opiniões dos idosos usuários do hospital sobre a qualidade dos serviços prestados; e inserir iniciativas direcionadas a esse público no planejamento do hospital.
Para a obtenção do Selo Intermediário, a unidade precisa cumprir ações como: criar equipe assistencial de referência intra-hospitalar em saúde do idoso, com geriatra e equipe multidisciplinar; e desenvolver condições para o cumprimento legal da permanência do acompanhante no hospital, entre outras. Nessa fase é preciso realizar ações eletivas, que correspondem a 24 itens, distribuídos em três diferentes eixos: Comunicação e Informação; Ambiente Físico; e Gestão do Cuidado. O hospital deverá escolher uma ação de cada eixo.
Planejamento – Para conquistar o Selo Pleno Amigo do Idoso, a unidade deverá repetir a aplicação do questionário respondido na fase para receber o selo inicial. Para isso, será preciso coletar novamente a opinião dos idosos usuários do hospital para estabelecer se a avaliação feita por eles nesse momento comprova que houve melhoria no serviço prestado, além de cumprir outras ações determinadas pela secretaria.
O hospital que adotar todas as ações sugeridas pela pasta conquistará o Selo Pleno, no mínimo, três anos após a assinatura do termo de adesão. “Se não constatarmos mudanças internas depois de um ano e meio da adesão, o hospital será descredenciado do programa”, diz Claudia.
A expectativa da secretaria é que, com esse selo, o Estado de São Paulo estimule os serviços de saúde a se preparar para atender os mais velhos, com planejamento e adoção de rotinas específicas.
DOE, Executivo II, 11/04/2014, p. IV