A vida e a obra da escritora paulistana Lygia Fagundes Telles são temas do concurso cultural promovido pela Secretaria Estadual da Educação. Para participar, estudantes do ensino médio e dos anos finais do ensino fundamental da rede estadual devem produzir um vídeo de dez minutos de duração. A abordagem é livre e pode se ater tanto a detalhes da carreira de Lygia quanto a um conto ou romance específico. Membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Paulista de Letras, vencedora de vários prêmios, a escritora completou 94 anos na quarta-feira, 19.
Além de encantar gerações de leitores ao longo de décadas, a autora tem ao menos um ponto em comum com uma parte expressiva de seus leitores: ela também estudou os primeiros anos de sua vida escolar na rede estadual, especificamente na Escola Caetano de Campos. Foi lá que escreveu seus primeiros textos, possivelmente os que integrariam sua obra de estreia, Porão e sobrado, uma coletânea de contos publicada em 1938, quando tinha apenas 15 anos de idade, com a ajuda financeira de seu pai.
No ano seguinte, Lygia concluía os estudos no Instituto de Educação Caetano de Campos – como era chamada a escola naquela época.
Empatia – Para a professora-coordenadora de Língua Portuguesa do núcleo pedagógico da Diretoria de Ensino Centro-Oeste, Maria Adelaide Camargo, uma das características da escrita de Lygia pode ser a razão do seu sucesso entre os jovens estudantes: “O adolescente hoje é muito imediatista; como a obra da Lygia é vasta em contos, começamos oferecendo esse estilo. Eles se entusiasmam tanto pela sua escrita que em pouco tempo estão procurando outros títulos da autora”, afirma.
Outra característica que conquista os alunos é o clima de mistério existente na maioria das histórias criadas pela escritora. Isso explica por que o conto Venha ver o pôr do sol – um thriller, parte do livro homônimo publicado em 1987, é o campeão na preferência dos garotos. A história narra o inusitado encontro entre dois ex-namorados em um cemitério. “Ela consegue atingir a juventude e isso é muito bom. A ideia do concurso foi ótima, pois alia o trabalho de Lygia à produção em vídeo, que é uma linguagem bastante cultuada pelos jovens na atualidade”, informa Maria Adelaide.
A professora reforça a familiaridade dos jovens com o formato audiovisual ao citar outro projeto, também da Secretaria da Educação, chamado Mediação e Linguagem. Muito apreciado entre os estudantes da rede estadual, consiste na elaboração de vídeos de um minuto de duração inspirados em obras literárias. “Os alunos criam coisas sensacionais. No ano passado, uma das turmas fez uma animação sobre a obra Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, com músicas de Luiz Gonzaga. Ficou excelente!”, elogia a docente, que tem 15 anos dedicados ao ensino estadual.
Critérios – Os alunos podem utilizar diversos recursos para elaborar o vídeo. Valem animações, trechos de vídeos e áudios, videoclipes, documentários, entrevistas, entre outros. No processo de avaliação serão considerados quesitos como fluência, conteúdo, qualidade técnica e originalidade. Os trabalhos devem ser entregues até 15 de maio, quando cada escola deverá escolher quais trabalhos representarão a unidade na etapa estadual. Nessa fase, as Diretorias de Ensino serão responsáveis por indicar as produções finalistas. A secretaria, então, selecionará dez semifinalistas, que irão a votação on-line entre os dias 21 e 30 de junho.
O resultado será conhecido em 6 de julho. Os primeiros colocados ganharão certificados e farão uma visita guiada à Academia Paulista de Letras. O regulamento completo do concurso e a ficha de inscrição podem ser consultados no Portal da Educação (www.educacao.sp.gov.br).
DOE, Executivo I, 21/04/2017, p. I