Lisboa, 9 jun (EFE).- Os mais de 250 milhões de habitantes dos países de fala portuguesa realizam esta segunda-feira o dia da língua lusa, cuja importância internacional ganha impulso pela pujança econômica e demográfica do Brasil e Angola.


A presidente da nação sul-americana, Dilma Rousseff, se une aos atos em homenagem à cultura lusófona, que se realizam em Lisboa no aniversário da morte do pai das letras lusas, o insigne poeta Luis Vaz de Camões (1524-1580) cujo nome leva o prêmio literário mais importante do mundo lusófono.



Um grupo de estudantes visita a exposição  "Jorge Amado e universal: Um olhar inusitado sobre o homem e a obra", no centenário do célebre escritor brasileiro no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo (Brasil). EFE/Arquivo
Um grupo de estudantes visita a exposição “Jorge Amado e universal: Um olhar inusitado sobre o homem e a obra”, no centenário do célebre escritor brasileiro no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo (Brasil). EFE/Arquivo



Rousseff e o chefe de Estado de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, entregam juntos em Lisboa a 25 edição do prêmio, falhado o passado 27 de maio no Brasil, ao moçambicano Mia Couto (António Emílio Leite Couto).


Portugal, berço da língua lusa, e Brasil, que abriga quase 200 milhões de luso-parlantes, vão pelas mãos em muitas iniciativas para projetar um idioma em franca expansão.


“A língua portuguesa é hoje uma das mais influentes do mundo, com tendência ao crescimento de seus falantes e de que a usam como segunda língua” afirma o último estudo do Instituto Camões sobre a difusão do idioma português e sua afirmação internacional na cultura e a ciência.


“É uma língua falada nas quatro esquinas do mundo, porque está viva, tem uma longa história e é de uma família linguística de grande relevância, como a românica” ressalta em declarações a Efe Paulo Rebelo Gonçalves, do Porto Editora, uma das maiores editoriais lusas, que vê em seu idioma “uma extraordinária riqueza a todos os níveis”.


A expansão do português como língua de comunicação internacional se atribui sobretudo ao crescimento econômico, muito acentuado na última década, de Angola e Brasil, e ao maior reconhecimento da personalidade do mundo luso-falante.


Oito países têm o português como língua oficial: Portugal, na Europa; Brasil, na América; Timor-Leste, na Ásia; e Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, na África.


Todos integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), organismo com sede em Lisboa que agrupa à antiga metrópole e seus sete ex-colônias.


Guiné Equatorial, a antiga colônia espanhola na África, também aspira a fazer parte dessa comunidade -além da francófona à qual já aderiu- e fez do português, por decreto, sua terceira língua oficial.


O Instituto Camões, promotor internacional da língua portuguesa como o Cervantes no caso do espanhol, aponta agora à Ásia como força emergente em sua expansão, especialmente China, onde se fala português na antiga colônia lusa de Macau.


Mas América Latina, com a estratégica influência do Brasil, é “um espaço de crescimento natural, não só pelo fator de reciprocidade que esse espaço implica, mas pela dinâmica econômica de seus países”, segundo declarações a Efe de porta-vozes do Camões.


No Instituto também destacam o que a aprendizagem recíproco das línguas dos países da América Latina representa “para a comunicação e proximidade entre os povos”.


A pujança do idioma do prêmio Nobel José Saramago é não só um tesouro patrimonial mas uma fonte de riqueza para Portugal que o Camões calcula no 17 % de quanto produz o país.


No entanto, o idioma luso tem também grandes desafios pela frente, entre eles, como ressalta Rebelo Gonçalves, a lenta aceitação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e seu compêndio de mudanças para a unificar.


Portugal e Brasil decidiram avançar com a aplicação do Acordo, mas Angola e Moçambique, dois dos maiores países da comunidade, se mostram pouco receptivos a fazê-lo, assinala o editor.


A norma suscitou fortes críticas em Portugal por seus profundos mudanças na ortagrafia, nos quais se impôs sobretudo o variante falada no Brasil, mas começou a aplicar-se de forma gradual há três anos e as Administrações Públicas, a imprensa e parte do sistema de docência, já o incorporaram.


Por outro lado Brasil, apesar ser o maior inspirador das mudanças, decidiu suspender a iniciada do Acordo até 2016.


Antonio Torres de Cerro


Fonte: EFE – http://www.efe.com/efe/noticias/portugal/portugal/portugues-uma-lingua-ascens-impulsionada-pelo-brasil-angola/6/60016/2058113