Operador Nacional do Sistema recomenda economia e diz que causas do apagão de terça sairão em 15 dias
SAMANTHA LIMA
DO RIO
Em pouco mais de dois meses, o país bateu nove vezes o recorde do consumo de eletricidade. O mais recente foi anteontem, um dia depois da falha em linhas de transmissão em Goiás que deixou 13 Estados sem eletricidade.
A carga instantânea atingiu 85.708 MW às 15h41, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Desde o primeiro pico desta temporada de calor, em 3 de dezembro, a carga adicional exigida pelos consumidores das usinas foi de 7.676 MW, um aumento de 9,2%.
Essa energia elétrica adicional é suficiente para abastecer mais de 20 milhões de pessoas e equivale a 70% da potência da usina de Belo Monte (Pará), que vai atingir capacidade máxima em 2018.
“Em um sistema estressado pelo nível baixo dos reservatórios do Sudeste e do Sul e pela inversão do fluxo elétrico no Sistema Interligado Nacional, que agora vem do Norte para preservar reservatórios no Sudeste, os picos de energia são fator adicional de instabilidade, aumentando o risco de apagões”, diz José Wanderley Marangon, professor de sistemas elétricos da Universidade Federal de Itajubá.
A redução no preço da energia em 2013 foi, na avaliação de Ennio Perez, professor da Unicamp, fator de incentivo ao consumo. A presidente Dilma Rousseff determinou, via decreto, redução média de 20% nas tarifas.
“Falta no Brasil a cultura de incentivar a economia de energia elétrica”, afirma.
Economia foi coincidentemente a sugestão dada ontem pelo diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, para quem a situação atual não implica necessidade de racionamento, mas “toda economia é bem-vinda”.
Chipp disse que o relatório sobre as causas do apagão só será divulgado em 15 dias.
PREÇO RECORDE
Em meio ao cenário de poucas chuvas e de nível baixo dos reservatórios, o preço da energia começará sua segunda semana seguida no patamar mais alto da história, segundo projeção da Abiape (associação de produtores).
Para a entidade, o preço do megawatt médio vai permanecer em R$ 822 –R$ 560 acima da média do ano passado. Isso elevará o valor que o Tesouro terá de destinar às distribuidoras para evitar repasses aos preços finais.
Apenas em janeiro de 2014 as empresas gastaram R$ 1 bilhão com a compra de energia, mais R$ 500 milhões na primeira semana de fevereiro. Estima-se mais ou menos o mesmo valor na segunda semana deste mês.
Em outras palavras, neste começo de ano já se consumiu cerca de um quinto dos R$ 9 bilhões de repasse previstos para este ano.
Colaborou Brasília
Folha de S. Paulo