Pedido de crédito ao BNDES perde força e tem queda de 11%
Banco de fomento diz que recuo se deve 'à alta concentração de projetos" em 2012

PEDRO SOARES


DO RIO


Principal fonte de crédito para o investimento no país, o BNDES emprestou 35% mais de janeiro a outubro, mas os pedidos de financiamentos já perdem força.


Os números do banco estatal estão em linha com o desempenho da economia, que esfriou no terceiro trimestre e tende a crescer pouco de outubro a dezembro.


Em sintonia com a freada nos investimentos no PIB (queda de 2,2% do segundo para o terceiro trimestre), as consultas para novos financiamentos caíram 11% de janeiro a outubro, totalizando R$ 222,5 bilhões.


Empréstimos aprovados anteriormente garantiram um bom desempenho do investimento na economia no primeiro semestre, quando empresários ainda estavam um pouco mais confiantes.


Segundo o BNDES, o recuo das consultas “deve-se à alta base de comparação, uma vez que, no segundo semestre do ano passado, houve forte concentração de projetos”.


O banco cita os pedidos para linha de crédito de apoio ao investimento dos Estados, mas o Ministério da Fazenda mandou segurá-los, temendo o aumento do endividamento estadual, já que a nota da dívida pública brasileira está sob risco pelas agências de avaliação de risco.


A contribuição que os Estados têm de dar para fechar a meta do superavit primário também foi levada em conta.


O banco diz ainda que haviam dado entrada em 2012 “grandes investimentos ligados a petróleo e gás, energia elétrica e aeroportos”, o que não se repetiu neste ano.


Para Claudio Leal, superintendente de planejamento do BNDES, a linha de crédito de Estados, de R$ 20 bilhões, e a ausência desses grandes empreendimentos foram “determinantes” para a menor demanda. Não fosse esse fatores, diz, as consultas ficaram perto da estabilidade.


Apesar da “acomodação”, o BNDES emprestou R$ 146,8 bilhões de janeiro a outubro deste ano, 35% mais que no mesmo período de 2012.


Para Leal a “acomodação” do investimento é “passageira” e o banco receberá novas consultas, por exemplo, das recentes concessões de rodovias e aeroportos assim que forem assinados os contratos e também outros empreendimentos a serem licitados –como portos.


Folha de S. Paulo