Para tentar coibir a ação de flanelinhas que chegam a cobrar R$ 150 para estacionar na rua em dias de shows e grandes eventos em São Paulo, o vereador Marco Aurélio Cunha (PSD) protocolou neste mês projeto de lei que prevê a criação de bolsões de Zona Azul perto desses locais. A proposta reacende a polêmica sobre como coibir a ação desses grupos na cidade. Atualmente, nem Polícia Militar nem Prefeitura desenvolvem qualquer operação específica para combater os flanelinhas.
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A multiplicação dos flanelinhas
Pedir dinheiro para guardar carro não é crime, afirma PM
O vereador afirma que a ideia foi de um morador da cidade. “Acho que é uma questão de cidadania. O Município tem obrigação de colocar regras onde não há regras”, afirma o vereador. “Se aquele lugar for um espaço público que a Prefeitura preserva e cobra estacionamento, passa a ter dono e regra.”
Pelo projeto, técnicos da Prefeitura mapeariam possíveis locais para estabelecer o estacionamento rotativo que começaria duas horas antes e terminaria duas horas depois de eventos como shows, espetáculos e jogos de futebol. “O mesmo sistema já é feito com as ciclofaixas de lazer, que funcionam aos domingos, e com as faixas de ônibus, em que os carros podem circular nos fins de semana”, afirma Marco Aurélio. Para entrar em vigor, o projeto ainda precisa ser votado na Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD).
O Estádio do Morumbi, na zona sul, é um dos principais cenários dos flanelinhas. Em dias de shows internacionais, eles marcam os espaços com pedras e paus e chegam a cobrar R$ 150 por vaga. O porta-voz da PM, major Marcel Soffner, afirma que policiais já costumam abordar flanelinhas em atitude suspeita nos grandes eventos. Mas, segundo ele, a conduta dos PMs deve ser pautada pela lei para não virar abuso de autoridade – apenas pedir dinheiro para olhar o carro não é crime, a menos que haja constrangimento ilegal.
Soffner garante, porém, que a PM agirá em caso de extorsão. “Para prender alguém em flagrante por extorsão, é necessária a presença da vítima, de testemunha e a caracterização detalhada do caso”, afirma. Segundo a administração municipal, se algum motorista se sentir extorquido, pode procurar os guardas-civis metropolitanos.
Interior. No último dia 13, em Ribeirão Preto, um flanelinha acabou preso por extorsão. Ele achou pouco os R$ 5 oferecidos pela vítima e chegou a impedi-la de sair com o veículo se ela não lhe desse mais dinheiro.
Fonte: Estadão.com.br