Sabesp reduz população atendida pelo Cantareira
Sistema que já abasteceu 8,8 mi agora serve 5,3 mi com manobra em represas

Entre as regiões que podem ter alternância no atendimento estão Ipiranga, Pinheiros e uma parte de Osasco

FABRÍCIO LOBEL
DE SÃO PAULO

No início da temporada mais seca, a Sabesp decidiu reduzir mais uma vez a população abastecida pelo sistema Cantareira, maior reservatório da Grande São Paulo.

O Cantareira, que já chegou a fornecer água para 8,8 milhões de pessoas, teve que diminuir sua área de atendimento devido à crise hídrica.

No começo de abril, estava abastecendo 5,6 milhões. Desde segunda (13) esse número caiu para 5,3 milhões.

O plano da Sabesp é que, no inverno, 5 milhões recebam água do Cantareira –reduzindo a dependência do sistema, que passa por grave crise.

Essa redução só é possível porque outras represas passam a atender bairros antes abastecidos pelo Cantareira.

Desta vez, a Sabesp fez uma série de manobras envolvendo as represas do Rio Grande (que abastece a região do ABC) e da Guarapiranga (que serve a zona sul).

Uma adutora de 2,1 km de extensão passou a levar água do sistema Rio Grande à zona sul da cidade de São Paulo, como adiantado pela Folha em fevereiro. A água “economizada” do Guarapiranga, por sua vez, será direcionada para atender áreas abastecidas até então pelo Cantareira.

Segundo a Sabesp, essas áreas possuem sistema “flex” de abastecimento, podendo alternar entre Cantareira e Guarapiranga de acordo com a demanda. Entre os bairros com possibilidade de alternância no abastecimento estão Ipiranga (zona sul), Pinheiros (zona oeste) e parte de Osasco (Grande SP).

A Sabesp informou que foram investidos R$ 7,6 milhões na construção da adutora.

Será a primeira vez que o Rio Grande abastecerá a cidade de São Paulo. O reservatório é hoje o de melhor situação na região metropolitana, com 96,5% de sua capacidade. O sistema Cantareira tem 15,4%, já incluindo duas cotas do volume morto.

Um efeito colateral dessas manobras é que, quanto mais distante do reservatório ficar a área atendida, menor é a pressão com que a água é carregada pelos canos. Com isso, cresce o risco de que torneiras fiquem secas, por falta de força da água.

Folha de S. Paulo