29 de novembro de 2013 | 9h 27
Caio do Valle – O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO – Dados da São Paulo Transporte (SPTrans), empresa que gerencia o
sistema de ônibus da capital paulista, mostram os bairros onde mais cartões do
Bilhete Único Mensal, que começa a valer neste sábado, 30, vêm sendo retirados
pelos passageiros cadastrados. Santo Amaro, na zona sul, lidera o ranking, com
4.972 unidades disponíveis para serem retiradas até a última segunda-feira. Em
segundo lugar, aparece a Lapa, na zona oeste, com 4.070 cartões, seguida de
Santana, na zona norte, onde 4.004 bilhetes devem ser buscados. Logo depois, vêm
a Sé (3.732 cartões), no centro, e o Butantã (3.229), na zona oeste.
O prefeito Fernando Haddad (PT) instituiu oficialmente o Bilhete Único Mensal
por meio de um decreto publicado nesta sexta-feira, 29, no Diário Oficial da
Cidade. O benefício passa a valer “a partir de 00h00 (zero hora) de 30 de
novembro de 2013”, ou seja, este sábado, como já havia sido divulgado no início
do mês pelo petista e seu secretário dos Transportes, Jilmar Tatto.
No texto, Haddad destaca que o cartão dará “direito a viagens no período de
31 (trinta e um) dias, contados a partir da data da 1ª utilização após a recarga
da tarifa”. Sobre esse ponto especificamente – os preços do Bilhete Único Mensal
-, Haddad estabeleceu o que já tinha falado.
O Bilhete Único Mensal exclusivo para as viagens feitas nos ônibus da São
Paulo Transporte (SPTrans) custará R$ 140 por mês. Os estudantes, nesse caso,
pagam R$ 70. Já o preço do cartão integrado com o Metrô e a Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos (CPTM), R$ 230, com o direito dos estudantes
garantindo-lhes o benefício por R$ 140. Segundo informou na semana passada a
Prefeitura, esse valor não é a metade perfeita porque já conta com a integração
com o Metrô e a CPTM, que individualmente custa R$ 4,65, e não R$ 3.
Ainda no decreto de Haddad, garantem-se todos os mecanismos do Bilhete Único
comum que existem desde 2004, quando foi lançado.
Perfil socioeconômico. Apesar do preço relativamente alto
(R$ 230 para o cartão integrado), a grande maioria dos cadastrados para o
Bilhete Único Mensal ganha menos do que dois salários mínimos. As informações da
SPTrans mostram que 65% dos usuários têm renda individual de até R$ 1.147
mensais – valor menor do que o dobro do mínimo atual, de R$ 678.
Na hora da inscrição no site da SPTrans, os interessados
podem preencher um questionário socioeconômico. O Estado teve
acesso ao perfil formado pelas respostas a essas perguntas. Ao todo, 125.080
pessoas escreveram no formulário virtual entre abril, quando o cadastro foi
aberto, e a última segunda-feira. Já o número de cadastrados até as 9h30 de
quinta-feira, 28, era de 153.267 passageiros.
Mulheres, estudantes e trabalhadores. A maior parte dos
usuários do Bilhete Único Mensal (57%) é do sexo feminino. Por sua vez, os
jovens de até 24 anos representam 46% do total de inscritos para obter o
benefício (outros 38% têm entre 25 e 40) e 38,3% das pessoas que utilizarão o
cartão trabalham e estudam. As que só trabalham somam 29,5% e as que estão
apenas estudando chegam a um patamar próximo desse, de 29,4%.
No quesito econômico, chama a atenção que um terço dos cadastrados (33,3%)
recebe até um salário mínimo. Isso significa dizer que o Bilhete Único Mensal
integrado (o único que permitirá viagens de ônibus, metrô e trens por um preço
fixo por mês), ao custo de R$ 230, corresponderá a 34% de sua renda mensal. Na
outra ponta do espectro financeiro, quem ganha acima de R$ 9.263,00 (ou quase 14
salários mínimos) representa apenas 0,5% de todos os interessados no cartão,
segundo as estatísticas da SPTrans.
Também são proporcionalmente poucas as pessoas do grupo entre 51 e 60 anos de
idade que aderiram ao benefício: elas correspondem a 5% do total. Os
interessados que já concluíram o ensino superior respondem por 22,1% do total de
inscritos. Quando o aspecto considerado é a escolaridade, a grande maioria
(64,2%) informou ter concluído o ensino médio.