EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
O sistema Cantareira opera abaixo do seu limite crítico de segurança, de um volume mínimo nos reservatórios de 5%.
Segundo os Ministérios Públicos de Campinas, de Piracicaba, e o Federal, no dia 31 de janeiro o volume útil de todo o Cantareira era de 4,63%.
A informação consta de um documento oficial da ANA (Agência Nacional de Águas).
O valor é diferente dos 22% que a Sabesp divulgava naquele dia porque nesse número está embutida uma poupança que só ela pode usar. O nível ontem chegou a 19,1%.
O desrespeito ao limite crítico de 5% indica que o Cantareira está sendo operado sob um “alto risco”.
A cada mês, os órgãos definem quanta água pode ser retirada do sistema para abastecer a Grande SP e as regiões de Piracicaba e Campinas.
Se as regras não mudarem, o risco de desabastecimento nas cidades que dependem do Cantareira no interior é muito preocupante, afirmam os promotores. “A poupança virtual da Sabesp precisa ser desconsiderada”, diz Rodrigo Garcia, promotor de Campinas.
A Sabesp afirma que opera dentro das regras da ANA, que, por sua vez, admite que está monitorando a situação e que regras especiais poderão ser criadas no fim do mês.
No sistema Cantareira, várias represas são interligadas por túneis. Toda a água captada corre até perto da Grande SP apenas por gravidade.
Existe também o chamado volume morto de água –que fica abaixo da entrada dos túneis e não consegue correr só por diferença de altura.
Técnico ouvidos pela Folha afirmam que a exploração dessas águas é difícil –seria necessário fazer obras.
Não se sabe como o sistema vai se comportar caso o volume morto seja usado, porque essa situação é inédita.
Folha de S. Paulo