Proposta dá autonomia e orçamento próprio a programa que já atua em parceria com as universidades estaduais
SABINE RIGHETTIO governo do Estado deve assinar hoje um projeto de lei para criar uma fundação que oferecerá cursos superiores semipresenciais de graça.
Na prática, a Fundação Univesp (Universidade Virtual do Estado de SP) será a quarta universidade estadual, ao lado de USP, Unicamp e Unesp, mas com foco exclusivo em cursos a distância. O projeto segue amanhã para a Assembleia -se aprovada, a instituição será criada por decreto.
A ideia é que os cursos sejam propostos e ministrados pela Univesp ou em parceria com as universidades estaduais e Fatecs, o que já acontece desde que a proposta surgiu em forma de programa da extinta Secretaria de Ensino Superior, criada na gestão Serra.
Mesmo enfraquecido -parte dos professores era contra a modalidade virtual- o programa conseguiu lançar alguns cursos, hoje em andamento.
Desde o início da gestão Alckmin, a proposta foi para a aba da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e entrou nas prioridades do governo.
O que muda caso o projeto de lei seja aprovado é que o programa passa a ser uma instituição. Ou seja: terá autonomia e orçamento próprio.
O projeto chega com novas propostas de cursos semipresenciais de graduação e de pós. A ideia é chegar a 24.000 alunos em quatro anos. O processo seletivo será o vestibular.
Cada graduação deverá ser credenciada pelo MEC (Ministério da Educação). A estimativa é que a Univesp tenha R$ 24 milhões para dar início às suas atividades.
A expectativa de Carlos Vogt, coordenador do projeto e ex-reitor da Unicamp, é que inicialmente sejam 40 professores fixos e 90 funcionários técnico-administrativos -a USP, por exemplo, tem hoje 5.685 docentes.
“Outros professores serão contratados temporariamente, conforme surgirem as demandas de novos cursos”, diz.
OPINIÕES DIVIDIDAS
Para a socióloga da USP Elizabeth Balbachevsky, especialista em políticas de educação, a iniciativa só “tende a agregar”. Grandes universidades do mundo, como Harvard, diz, já têm feito cursos a distância com sucesso.
“Estava na hora de termos iniciativas assim nas estaduais”, afirma a especialista.
Já para o físico Otaviano Helene, da Adusp (Associação de Docentes da USP), a proposta do governo é “megalomaníaca” em termos de número de alunos e visa substituir de maneira equivocada os cursos tradicionais.
“O ensino a distância não é uma solução. A forma como está sendo instalado no Brasil está sendo um problema.”
Fonte: Folha de S.Paulo/Cotidiano