Tombini: governo manterá ações para conter dólar após decisão do Banco Central americano
Presidente do Banco Central reconhece que inflação ainda está em níveis desconfortáveis, mas já apresenta tendência de declínio.

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou que o governo manterá as ações para conter a alta do dólar após decisão do Federal Reserve (Fed), o BC dos Estados Unidos, que anunciou nesta quarta-feira (18) que vai continuar com o programa de estímulos à economia que prevê gastos de 85 bilhões de dólares mensais em compra de títulos.

A medida fez o dólar cair para R$ 2,192 na compra e R$ 2,194 na venda, a menor cotação desde o dia 26 de junho. “A nossa moeda apreciou quase 8% em relação ao dólar desde o lançamento do programa. Utilizaremos nosso rol de instrumentos para reduzir volatilidade e mitigar riscos à estabilidade econômica e financeira do País”, disse Tombini em audiência pública realizada na Câmara.

No mercado de câmbio, o BC passou a atuar mais vezes nos últimos tempos oferecendo dólares por meio do mecanismo conhecido como swap (troca) cambial. O objetivo é conter aumentos excessivos do dólar devido ao crescimento da demanda pela moeda norte-americana, que chegou a ser cotada a R$ 2,45 em agosto.

Medidas do BC

As duas principais ações apontadas pelo presidente do Banco Central para conter a alta do dólar serão a utilização de 2 bilhões de dólares (R$ 4,4 bilhões) em swap cambial, em operações semanais até o fim do ano, e a venda de divisas para garantir a compra novamente com um custo para os cofres de 1 bilhão de dólares (R$ 2,2 bilhões).

Durante audiência pública, o deputado Júlio Cesar (PSD-PI) disse que a desvalorização do real pode repercutir no saldo da balança de pagamento da dívida. Ele também afirmou estar preocupado com a diminuição das reservas internacionais do Brasil atualmente em 370 bilhões de dólares (R$ 814 bilhões). “Fico feliz com as reservas, mas preocupado porque elas estão caindo”, afirmou.

De acordo com Tombini, a redução das reservas internacionais do Brasil é apenas aparente. “Nosso balanço é feito em reais e por isso parece que reduziram as reservas, mas elas não reduziram.”

Transição positiva

Os mercados “estão reagindo favoravelmente” às medidas de estímulo dos Estados Unidos, de acordo com Tombini. “Está ocorrendo uma transição positiva na economia mundial.” Segundo ele, a recuperação da economia americana é muito positiva para o Brasil e para o mundo. “Os Estados Unidos estão em processo de recuperação, a expectativa é que a economia mundial cresça mais”, destacou. De acordo com Tombini, o comércio mundial deve crescer 3% neste ano e 5,5% em 2014.

Exigência legal

A audiência pública semestral com o presidente do Banco Central é uma obrigação prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00). A reunião foi promovida em conjunto pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Finanças e Tributação; e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara; e pelas comissões de Assuntos Econômicos e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado; e pela Comissão Mista de Orçamento.

LDO

A votação do relatório final da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2014 (LDO – PLN 2/13), prevista após o final da audiência, foi remarcada para a próxima terça-feira (24) às 14h30.

Agência Câmara de Notícias