Vale Cultura entra em vigor no meio do ano, diz Marta Suplicy

Trabalhador receberá R$ 50 por mês; projeto prioriza quem ganha até cinco
salários mínimos

18 de fevereiro de 2013 | 19h 00

 
Daiene Cardoso

SÃO PAULO – A ministra da Cultura, Marta Suplicy, anunciou nesta
segunda-feira que o Vale Cultura, que será regulamentado no fim deste mês, será
cumulativo e deve estar pronto para operar a partir de junho ou julho. Segundo
ela, o trabalhador que tiver o “cartão pré-pago” do Vale Cultura poderá abrir
mão de utilizar o benefício em um determinado mês e gastá-lo futuramente sem que
ele expire. “O benefício em termos culturais do Vale Cultura vai ser muito
grande.”

Marta Suplicy apresentou nesta tarde o projeto para empresários paulistas na
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP). A ministra também anunciou que vai percorrer o País para
angariar adesões ao Vale Cultura. “Estou pensando em fazer o périplo talvez de
forma mais institucional”, afirmou.

O Vale Cultura segue o modelo do Vale Alimentação, no qual o trabalhador
receberá um benefício de R$ 50 para gastar com atividades culturais – 10% deste
valor será abatido da folha salarial. O projeto prioriza quem ganha até cinco
salários mínimos, e as empresas tributadas com base em lucro real que aderirem
ao projeto receberão um abatimento no imposto de renda de 1%. Já os
trabalhadores que recebem mais de cinco salários mínimos terão um desconto na
folha de pagamento superior a 10%, escalonado conforme a faixa salarial.

O Ministério da Cultura trabalha com uma base de 18,8 milhões de
trabalhadores que seriam beneficiados com o projeto. Inicialmente, todas as
estatais vão aderir ao Vale Cultura, de acordo com a ministra. A expectativa do
governo é de que o programa injete R$ 11 bilhões na cadeia produtiva cultural.
Estima-se que a renúncia fiscal no primeiro ano supere os R$ 500 milhões.

Jeito Marta de ser

Marta Suplicy disse que ainda é uma incógnita para o ministério de que
forma os trabalhadores deverão utilizar o benefício, que pode ser empregado
tanto na compra de ingressos para shows quanto para a compra de livros. “Nós não
sabemos bem onde as pessoas vão consumir. É uma coisa muito nova para todos”,
comentou.

No fim do encontro com os empresários, a ministra se incomodou com uma
pergunta de um conselheiro do Serviço Social do Comércio (Sesc), que reivindicou
que a programação da TV Sesc seja classificada pela Agência Nacional do Cinema
(Ancine) como conteúdo brasileiro qualificado, o que permitiria que fosse
distribuída pelas operadoras de TV a cabo sem custo. “Está muito certo a Ancine
não financiar”, rebateu a ministra. Ao sair, o diretor regional do Sesc, Danilo
Miranda, relevou a irritação da ministra. “É o jeito Marta de ser”, brincou.

Fonte:Estadão.com.br